(Por Luiz Cláudio Jubilato)
Cheiro de merda
é a guerra
seus odores, fedores, horrores
Corpos esquálidos
é a guerra
ossos quebrados, dilacerados, rasgados
Fedor de mijo
é a guerra
suas cruezas, tristezas, incertezas
Homens crus
é a guerra
sexo anal, brutal, bestial
Terra arrasada
é a guerra
criancas marcadas, amordaçadas, estupradas
Pênis rijo
é a guerra
bucetas rasgadas, dilaceradas, esterilizadas
Cheiro de puteiro, fedor de homem nu, horror das estacas enfiadas no cu
Horror de corpos pendurados nos paus de arara, a vida nas prisões é coisa rara
Fedor de excrementos empesteiam os ventos, carne nas mãos de carrascos lamacentos
Caveirões arrastando gente pobre pelo barro e esgoto das favelas e ruelas.
Policiais atirando a esmo na vielas pegando sombras de cidadãos pela goela.
Bombas e fuzis e minas não reconhecem aliados ou opositores nem regras nem lugar.
Homens se travestem de feras, de demônios, verdadeiras máquinas de matar.
Como faremos pra mudar tudo isso
jovens corações
calando bocas medrosas que creem somente em orações?
Como faremos pra acabar com tudo isso
jovens idealistas
erguendo punhos cerrados para consolidar nossas conquistas?
Como faremos pra matar tudo isso
Jovens soldados
empunhando gritos de ordem para libertar os condenados?
Como faremos para não deixar mais tudo isso acontecer
jovens revolucionários
levantando nossas bandeiras para salvar os desgraçados?
A guerra no dia a dia dessa nossa vida mundana é também nossa fratura exposta.
Para os vencedores tem perfume de flores; para os derrotados, tem cheiro de bosta.