Estar só, é ouvir as batidas do próprio coração.
Um homem está sozinho, quando depende de alguém para limpar sua bunda, limpar o seu catarro, escovar os seus dentes, vestir as suas roupas, enfiar a colher na sua boca, esperar a sua mastigação…
Um homem está só, quando torce desesperadamente pelo time do coração e é capaz de matar por ele nas derrotas e morrer por ele nas vitórias.
Um homem está só, quando os rabiscos que quer fazer deles poesia não mais despertam reação, porque ninguém os lê; quando os acordes de sua música não dizem mais nada, porque ninguém tem mais interesse em ouvi-la.
Um homem está sozinho, quando, trancafiado entre paredes, vive de acariciar o pênis, como se quisesse deseperado concretizar seus sonhos e ambições e tesões…
Um homem está sozinho, quando tem medo de ter medo; quando não tem medo de ter medo; quando a sudorese, a tremedeira, o coração saindo pela boca, o frio consumindo as estranhas, se escancaram na face apavorada.
Um homem não é mais homem, quando não é mais capaz de sentir, de ajudar, de se enternecer, de se amar, de amar, de se indignar, de pedir, de consertar, de desacertar, de perder a coerência, de ser coerente, de criticar, de descobrir, de se descobrir, de definir como se tudo coubesse numa camisa de força, tranfiando a espontaneidade, os resquícios de humanidade…
Um homem não é mais homem, quando mergulhado em si mesmo, não consegue mais se achar; quando o pecado o faz um deus que só dialoga consigo para poder perdoá- lo; quando o fanatismo o consome a ponto de destruí-lo internamente, externamente, para jamais reconhecer-se.
(Luiz Cláudio Jubilato – 30/06/2013)