Poeta de Gaveta

O INFERNO SOMOS NÓS MESMOS

O mundo em mim. Fogo nas veias. Abismo na alma. Boca seca…

Vozes variadas. Vários tons. Gritos em profusão. Batalhas. Guerras. Nenhuma solução.

É inverno em mim. Folhas secas sem adubar o chão. Tempestade nos olhos. Deserto nas veias. Vida árida.

Lobo nas entranhas. Ideias nas montanhas. Grito sufocado. Abafado. Defasado.

Inferno em mim…

Tolice em si. Ignorei meus argumentos, pensamentos, sentimentos. Sentir, na verdade, é uma forma de saber…

Ciúme tolo. Marcar os outros. Minhas unhas alongadas. Ferro em brasa. Minha propriedade…

Amor. Dor. Extravasamento. Suor. Desejo. Tesão. Vulcão.

Inferno em mim…

Medo em mim. Medo em ti. Desespero em nós. Nós não desatados. Destinos embriagados.

O verme trasmuta minha seiva. O frio carcome minhas entranhas. Desprezo as minhas leis.

Inferno em mim…

Amordaçar a verdade. Trombetear a mentira. Falsidade. Nenhuma lealdade. Labirinto em mim.

Caminhos tortos. Soco nas palavras. Calamidade em mim. Restos de ti. Nenhum beijo. Nenhuma luz…

Braços inanimados. Nenhum abraço. Dança sem compasso. Sexo com odor. Cárie. Pobre dor.

Inferno em mim…

 

(LUIZ CLÁUDIO JUBILATO)