(O BOCA DO INFERNO – NO FIO DA NAVALHA)
Dia desses, o professor de literatura que ministrava ensinamentos que seus alunos apenas decoravam, estacou, torto, que nem obra de Picasso. O acidente vascular fez o carro bater no muro da sua existência. Parou. O professor máquina parou. O professor, travestido de debochador, provocador, chegou ao hospital a bordo do seu AVC triturador: cada um tem o seu, como a tosse ou a gastrite ou o coração. O cérebro virou gelatina. Sob pressão, aguou. O médico que medica o remédio que abaixa a pressão dos pressionados, afirmou em tom professoral, que ele tinha desvio de rima. Que ironia!