Poeta de Gaveta

DELÍRIO

(O BOCA DO INFERNO – quando o delírio suplanta a dor).

Noutro dia, na sala de espera de um dentista, eu esperava, como esperam os que não têm muito o que esperar. Uma senhora, que esperava atropelando minutos, me disse, não sem dor, que esperava minha próxima crônica. Segundo sua boca de dentes cariados, escrevo bem. Fiquei feliz, afinal o da frente precisava fazer canal.