Poeta de Gaveta

A PONTA APONTA

(LUIZ CLÁUDIO JUBILATO – 21/06/2014)

 

O meu dedo indica dor.

Dor física: imaginária? literária? libertária?

Dor tísica: pobreza? fraqueza? incerteza?

Dedo horizontal: esmaga lábio contra lábio; a mente solta.

 

O meu dedo indica a dor.

Dor doída: fetal? ancestral? animal?

Dor roída: descomunal? visceral? crucial?

Dedo vertical: tranca a boca; a mente solta.

 

Meu dedo aponta. Punhal.

Risca meu peito, rasga a minha alma

Risca o caminho, a meta, a encruzilhada: o aríete.

machuca o erro, a perspectiva, a medida: o porrete.

 

Meu dedo aponta. Espiral.

Arredonda a lógica, arrebata tudo em mim.

Arredonda a história, o descompasso: o passo

machuca a metamorfose, o compasso: o passo a passo.

 

Meu dedo indica dor.

Bate. Acusa. Acelera a calma.

Rebate. Ilude. Previne, acalma.