Poeta de Gaveta

REFRÕES

(LUIZ CLÁUDIO JUBILATO – 03/10/2013)

 

MEUS REFRÕES

não falam de música = não sei cantar

não falam de acordes = não sei tocar

não falam de rodopios = não sei dançar

 

MEUS REFRÕES

falam de poesia, estou aprendendo a poetar

falam de experiências, estou aprendendo a me entregar

falam de existências, estou aprendendo a mergulhar

falam de esperança, estou aprendendo a acreditar

 

MEUS REFRÕES

repetem sempre os mesmos versos, ainda aprendo a criar

pisam em terreno pantanoso, ainda aprendo a me guiar

atormentam minhas noites insones, ainda aprendo a revidar

 

MEUS REFRÕES

não desnudam oceanos, ainda não aprendi a nadar

não guiam revoluções, ainda não aprendi a transformar

não buscam amores impossíveis, ainda não aprendi a me afogar

 

MEUS REFRÕES

são a minha praga, minha doença, engulo todos para me revirar

as palavras se juntam ao tema, tomam formas, para me devastar

os grilhões da gramática, suas regras infames, querem me escravizar

 

MEUS REFRÕES

desconstroem a razão, clamam pelo sonho, estão famintos pela ilusão

carregam minha voz rouca, desafinada, desafiante, meu grito de liberdade

observam meu cérebro, meu coração, meus mistérios, meus ideais, meu inferno

apoderam-se de mim, transformam minha forma de querer, de lutar, sem disfarçar