(LUIZ CLÁUDIO JUBILATO)
A Obra cobra.
Eu. Checar o dentro de mim vislumar o fora de nós
A Obra veneno.
Eu. Meu tormento me remoendo por causa do imundo
A obra desdobra.
Eu. Protagonista ferino trama rindo de tudo ferindo o mundo
A Obra devora
canta fala cheira afoga come fede até se empanturrar capítulo a capítulo de nós autor leitor
insiste com suas idas e vindas em me mudar eu soberano autor dono de destinos proprietário da trama
cada vez que nos enfrentamos em nossos muitos eus ela me repele me abraça me compele
aceito o desafio de transformá-la, atualizá-la, reorganizá-la, do início até o clímax, até o ponto final
ela cospe na minha cara minha pura inocência de momento quanto as minhas prerrogativas eram criancices ingênuas
ela não aceita esse novo risco eu me arrisco a um novo encontro e então ela exige nosso desencontro
A Obra tem identidade
Reage não abre mão de sua identidade não quer ser reescrita ela é a mesma mas eu autor não
toda obra tem sua claustrofobia sua verdade sua mentira sua dignidade sua incomensurável liberdade
a obra é cobra venenosa dobra-se nas entrelinhas se desdobra nas entrelinhas paralisa os músculos hipenotiza a razão
A obra é o ser e o não ser
Não sou eu não é você somos todos nós não é ninguém