Poeta de Gaveta

PRATO FEITO – TRATO FEITO

 

(Por Luiz Cláudio Jubilato)

 

PRATO FEITO

 

como as tuas entranhas estranhas, entre perna e barganhas, caminho torto, para mim

como a comida em toques sutis vis por um tris, sem vontade dignidade, semblante absorto para mim

como quem me devora me apavora e demora, entre tropeços e adereços, pele arrepiada para vir

como o teu dia a dia repleto de porções anêmicas polêmicas, sem pendências comigo, para ir.

 

TRATO FEITO

 

Contra mim, impassível não entrega teu corpo nem se desapega dos teus escombros

nem foge nem fica, estaca como estátua escondendo-se descarnada desalmada em cima da cama

nem gagueja nem pragueja, pára como pária submissa carregando meu peso sobre os ombros

Apesar dos teus ardis, aprendi com cada objeto, cada dejeto, que não és uma dama, mas sim mucama.

 

PRATO FEITO – TRATO FEITO

 

Não me envolvo com tuas carícias nem absolvo as tuas malícias armadas pra me entristecer

Ofereceste a mim na cama como prato feito de comida farta, mas sua frieza não tarda torpe a aparecer

Trata-me com indiferença, como se fosse uma doença, trato feito, com desrespeito para me vencer

És  meu engano escarrado e cuspido como amante, outrora estonteante, cuja beleza insiste em envelhecer.

 

THE END

 

O final de um amor infinito se resume em raiva e culpa

cada um usa seus medos e inseguranças como desculpa

os outrora amantes civilizados que juram amor eterno

agora brigam por panelas, cachorros e até por um terno

as juras de amor que, no namoro, soavam como trato feito

no fim do casamento, acumulam ressentimentos num prato feito