Atesto para os devidos fins que, apesar da minha vida cibernética, da minha roupa antisséptica, minha preocupação estética…Fui vampirizado pelos pseudo estetas de plantão, os animais políticos da situação, os intectualóides de ocasião… Pelo noticiário direcionado, o discurso encomendado, o crítico pseudo-intelectualizado…. Engoliram, sem que eu percebesse, meu resto de humanidade, de sensibilidade, de intelectualidade… Quem são eles? Os donos da mįdia? Os proprietários dos escravos do capital? Os deturpadores do que é conceitual?
Atesto ciente do meu fim que minha cara como minha alma cabem dentro de uma tela. Me tornei um monstro manipulado, um beócio ridicularizado por quem enfim, descaradamente, manda em mim… Fui vampirizado…. agora idiotizado, domado, sem religiosidade, sem Deus, sem credibilidade. A minha alma gira medida em gigabytes, megabytes, terabytes… Minha cara virtual montada, construída, mais nítida que na vida dita normal. Hiperrealismo, sem idealismo, sem didatismo, mas com individualismo, ceticismo… Espírito crítico sem cosmovisão, sem observação, mas com deturpação, com submissão… Quem são eles? Os disseminadores do caos? Os incentivadores do mal? Os engenheiros da sociedade? Os opressores da dignidade?
Atesto com um determinado fim que estriparam a verdade, estupraram minha dignidade, maquiaram a realidade… Minha suposta identidade vem antes do @, o carimbo que atesta minha existência, depois. Esfrego meu corpo, não faxino meu espírito torto, não limpo a minha pele, minha conduta submissa me repele… Não tenho nenhum alento, não experimento nenhum sentimento, apenas tormento… Deturparam a ciência, comeram minha inteligência, deglutiram minha consciência. Quem são eles? Os que zombam de nós? Os que fizeram da nossa revolta uma mentira cheia de nós?
Atesto para todos os fins, que os usurpadores da honestidade engambelam quem tem dignidade. Argonauta de um mar nunca dantes navegado, navego agora por um ciberespaço, sem dimensões nem compasso… O Google converteu-se na minha memória, no meu saber, no meu conceber, na minha história… A Wikipedia confronta o meu pseudo-conhecimento, o meu discernimento, o meu descobrimento. Minha face no Facebook, me traz amigos que na rua jamais distinguirei, através da tela jamais abraçarei. O Instagran é o meu Dorian Gray, recusa-se a me envelhecer, jamais minhas rugas irá remover. Eternamente jovem, sorriso engarrafado, semblante congelado, ser robotizado… Quem criou tudo isso? Os que riem de nós? Os que nos transformaram em compradores sós?
Atesto para qualquer fim que fui idiotizado. Aceito, como normal, o beijo ensaiado, o sexo coreografado, o homem puro animal. Sou apenas um número nas estatísticas, na conta do cartão de crédito, para o call center, para o entregador de pizzas… Quem são eles? Os que abusam de nós? Os imbecis que fizeram da nossa felicidade uma realidade atroz? Quero um mundo que se viabilize – “Eu sou um ser humano: por favor, não dobre, não perfure, não mutile”.