AMNÉSIA GÁSTRICA
(O Boca do Inferno – 7/2/2014)
Brasil, amnésia varonil, coloca o povaréu num barril. O mundo ri da gente e a mídia nos vende a balela de sermos um país emergente:
1. Não parece gozação, o governo camuflar, neste momento tão propício, os números da calamidade na qual se transformou a dengue só para que os turistas não deixem de vir ver os jogos da copa, quando até uma criancinha de cinco anos conhece o mosquito de cor e salteado? O Aedes Aegypti frequenta piscinas, mansões, bares e ruas da cidade há tantos anos que já é membro cativo da família, com direito a tocar em qualquer parte do corpo de quem quer que seja. E, se algum dos franceses pegar dengue em Ribeirão Preto? Colocaremos a culpa em quem? Em algum Aeds que errou de endereço, queria mesmo um “corpitcho desavisado” de um pobre tupiniquim? Ou se meteu a engraçadinho” e, com mania de grandeza, resolveu saborear um ilustre sangue de um povo convidado? Como sugestão, a prefeitura poderia colocar um destemido fiscal da Sucen “na cola” de cada francês com um fumacê portátil para que ele não se contamine.
A COISA É TÃO FEIA QUE PROMETO TENTAR DISCUTIR OS ABSURDOS DO BRASIL NOS PRÓXIMOS 1000 TEXTOS. SE NÃO MORREREM DE RAIVA ANTES, AGUARDEM.
VESTIBULANDO: ATLETA DE ALTA PERFORMANCE
(LUIZ CLÁUDIO JUBILATO)
A palavra que deveria definir o período em que o jovem deixará de ser aluno para se tornar “vestibulando” é PLANEJAMENTO. Pais e filhos ainda não descobriram que, para pleitear uma vaga em excelentes, é crucial: estudar numa boa escola ou bom cursinho, fazer cursos extras ou contratar um professor particular (para “aprender” o que não sabe), um nutrólogo (definir um cardápio para ganhar energia, mas não engordar), um personal treining 0u yoga desestressar e, ao mesmo tempo, dormir melhor e aumentar a capacidade de concentração), um psicólogo ou orientador pedagógico (lidar com a montanha russa do humor, ora cheio de vontade de estudar, ora com depressão, pois o aluno crê que não passará).
Mas, não é investimento demais? Calma. Cada um a seu tempo. Não sofra por antecipação. Uma mãe questionará: mas em qual hora ele vai estudar? Aí está o nó da questão: aluno deve estudar na escola, durante as aulas. Em casa, deve apenas revisar. Se ele está fazendo o contrário, o planejamento está errado, precisa ser revisado. O mundo mudou muito na última década. A vida ficou ágil, a tecnologia veio para tornar tudo urgente, inclusive a forma de estudar. Família precisa entender essa nova fonte de adquirir conhecimento, contudo deve monitorar, para que o “real” motivo não venha a desvirtuar.
Hoje, o vestibular é MULTIDISCIPLINAR : (as disciplinas dialogam entre si. Por exemplo: história interfere na literatura e vice- versa) e também INTERTEXTUAL (partes de textos de vários autores diferentes abordam aspectos sobre o mesmo temas servem. Esses textos servem como apoio para aluno poder desenvolver esse tema na redação). Não adianta saber somente determinadas matérias, é preciso ter cultura geral. Hoje, a tevê, o rádio, os posts, os smartphones, as redes sociais, os jornais, as revistas e cinema são novas formas rápidas e inteligentes de estudar. Nossa função e indicar as melhores obras, o que ver, onde ver e as melhores formas de estudar para economizar tempo e assim economizar o tempo para descansar. Ninguém é de ferro.
Aí um pai perguntaria: “Mas não é um gasto absurdo para o aluno passar? No meu tempo, bastava estudar. A resposta é “Não”, não é. A concorrência é enorme. Não basta estudar, é preciso se diferenciar. O número de vagas é muito pequeno em relação ao número de candidatos. Ainda pior, enfrentará provas em que a redação definirá a vaga, nas faculdades públicas e nas boas faculdades particulares. O tema é o mesmo para 5, 6 milhões de candidatos. Ainda por cima, o aluno deve ser bom e rápido. Pense bem, o candidato ao ENEM terá que resolver 90 testes, no primeiro dia, e, no segundo dia, 90 testes e fazer também uma prova de redação. Ele precisa ser um atleta de alta performance.
À espera da “Guerra”: vestibular
Prof. Marcelo Góes – Prof. de Língua Portuguesa do Criar Língua Portuguesa e Redação
Embora difícil de serem quantificados de fato, há alguns livros os quais merecem ser lidos só depois de termos suficientemente amado, odiado, nos alegrado, sofrido, pisado, sido pisado, bebido, sido abstêmio, traído, sido traído… No caso, uma dessas obras é “O deserto dos Tártaros”, de Dino Buzzatti. Quando menos esperamos, podemos nos tornar um Giovanni Drogo: na expectativa de termos algo grandioso, nós deixamos escapar a Vida. Anestesiados e cercados, a maioria de nós vegetamos: cama. Despertador. Banheiro. Café. Rua. Escola. Sala de aula. Professores. Química. Literatura. Biologia. Geografia. Matemática. Gramática. História. Sociologia. Física. Filosofia. Educação Física. Engenharia. Letras. Medicina. Enfermagem. Design. Geofísica. Informática. Marketing. Biomédica. Almoço. Estudo. Lanche. Cochilo. Lista. Lista. Plantão. Plantão. Sala de aula. Escola. Rua. Café. Banheiro. Despertador. Cama. No fim, um único desejo: “tomara que não seja Ad infinitum”.
Olhando de fora, hoje, mais do que antes, não parece ser divertido estudar tendo como foco “único” o vestibular – embora pudesse ser. Muitos, embebidos dos inúmeros afazeres, poderão dizer “é fácil pensar assim quando se está fora do processo real”. Sim, é verdade. Por outro lado, é fácil também fazer do “processo” algo somente sofrível ou inevitável para assim acreditar que no fim valerá a pena. Valerá? A cada um cabe talvez uma resposta. Para mim, vale se for algo prazeroso e compartilhado o máximo possível. Costumo dizer: se pensarmos no conhecimento, podemos chegar a algum lugar; se pensarmos no “passar”, podemos chegar a um não-lugar. Nesse quesito, mesmo diante de um mundo obeso de informações e possibilidades, a grande maioria segue, quando segue, o caminho da mera quantidade de aulas, exercícios, filmes, textos lidos… Sem pensar, apenas jogando para dentro o que é visto e lido. E o resultado está sendo sentido no mercado e naqueles que hoje começam a assumir o controle.
Se analisarmos os “tipos” e “tipinhos” de profissionais (adestrados antes?) que estamos criando hoje: cheios de manias, de preguiça mental, de imediatismos meramente financeiros, de pouco coleguismos, de justificativas, podemos concluir que talvez todo o esforço acadêmico não esteja construindo o que se espera de um indivíduo: ética e princípios de coletividade. Parte disso se deve à forma que construímos, apesar do avanço democrático nas últimas décadas, estudantes menos questionadores e desafiadores, com raras exceções. Muitos somente testemunham a vida.
Obviamente, a formação é um árduo caminho e educar-se é difícil. Para uns, o resultado virá em seis meses. Para outros, em seis, sete, oito… doze meses. Para outros, em um tempo maior. E daí? O tempo nem sempre determina a capacidade de alguém. Penso que é importante ter paciência e respeitar-se a si mesmo intelectualmente. Isso serve para aqueles que já amadureceram (?) e sabem que estão fazendo a sua parte. É salutar lembrar que a dor e a delícia de nós mesmos são somente nossas. As outras pessoas participam do processo, não o são. Assim, não joguem o seu peso para outros. A responsabilidade é sua… apenas SUA.
Diante de tudo que já fora feito, agora é a fase do respirar e julgar o próprio trabalho anteriormente. Não resolve gastar o tempo em horas, horas, horas, horas de estudo. Certamente não é para dormir o tempo todo ou achar que não precisa fazer nada. Para mim, é manter um ritmo tranquilo, mapear alguns problemas, expandir a cultura geral e descansar. Do que adianta chegar à prova e dormir nela? É preciso ser racional e qualitativo. Não caia na neura do quantitativo. No fim, poder-se-ão colher resultados melhores – diferentemente de Giovanni Drogo.