CHEGOU A COPA, VOU TENTANDO FAZER VOCÊ ODIAR ESSE TEXTO

(O BOCA DO INFERNO)

Parte 3: ainda vou chegar no PT, estou tendo, primeiro passar o Brasil a limpo, tarefa quase impossível

PT OR NOT PT: THAT IS THE QUESTION (mais uma fatia)

Colonizador não se deslumbra com o nosso vodu, só quando lhe interessa adotar-nos. Ainda mais um povo nu de idéias e ideais. Povo que não se conhece, nem quer se conhecer. Prefere fazer turismo na Noruega, Itália, França, Inglaterra, EUA, onde é cidadão de segunda classe, vítima de assalto. Mas, vejamos, não é um assalto sequer, é um assalto chique. Caso para contar nas reuniões de amigos novos ricos, regadas a uísque importado do Paraguai, onde são usadas maravilhosas roupas compradas nos brechós de Nova Iorque. Chique. Muito chique. O único Índio que realmente interessa é proprietário de um cassino em Las Vegas. Este sim precisa ser exaltado por seu espítito empreendedor. Somos até capazes de tirar uma foto com ele, afinal esse ser exótico, porém americano, merece um clique. O diota terceiro mundista desembarca em terras tupiniquins com a lapidar frase na cara e na boca: “Lá não é essa zona igual aqui. Lá tudo funciona”. E funciona mesmo: o assassino de Kennedy, o outro de Luther King não erraram, funcionaram como um relógio suíço. Os jovens, que promoveram o massacre da escola de Columbine, os aviões, que torraram as torres gêmeas como uma picanha, também tiveram a precisão de um relógio. Tudo lá funiciona mesmo. Lá atualmente fomos alçados à condição de cidadãos de primeira classe. O pior é que funciona, não percebermos ou não queremos perceber a esperteza deles. O tapa-olhos não nos permite vislumbrar que estão apenas atrás do nosso tosco dinheirinho, para espantarem sua crise. Terminado o seviço, darão um belo chute na nossa bunda, para nos fazer retornar à nossa real condição. Aí choraremos como maridos traídos. Traídos sempre. Maridos nunca.

 segunda-feira, 09 de junho de 2014

ESTE TEXTO VOCÊS ODIARÃO AINDA MAIS

 

(O BOCA DO INFERNO – 23/5/14)

 

“Papagaio de pirata, de tanto imitar, por imitar, a consciência desidrata”. Eu (o Boca do inferno, genérico)

 

Nunca fomos dominados, carnavalizamos a dominação. Jamais nos ajoelhamos perante a essa maldita condição. Sempre fomos achacados por piratas, tiranos, caudilhos, coronéis, caciques, países dominadores de todas as matizes. Todos foram apeados do poder ridicularizados  por cada um dos seus deslizes. Cruéis invasores, donos das, proprietários do petróleo, do gás, dos homens, da economia. Arrogantes xerifes da liberdade confeccionando seus ardis. Não foram expulsos por nossos exércitos mal treinados com seus caquéticos fuzis.  O imperador, por exemplo, pegou seu vapor e, já velhinho, melancólico, foi morrer na Europa. A República foi arrancada dele a fórceps, mas a jogaram no colo de um tal Deodoro da Fonte seca, um completo e perfeito idiota. Logo se em seguida, a república da espada nasceu desembainhada por um certo Floriano. Camuflado sob pele, vivia arraigado, mais um energúmeno tirano. O mandatário se mantinha, em conveniente silêncio para parecer inteligente, na verdade não passava de mais um demente. Também foi deposto. Você se cansará de ver e ouvir na nossa história esse verbo composto.

Minas e São Paulo, a reboque de acordos espúrios, fundaram a república do café com leite. Metidos a espertos, criam na falácia de que trocar a tirania pelo populismo era o grande massete. Prestes armou uma coluna, a soldadesca armou-se no forte de Copacabana, A Semana de Arte Moderna juntaram nacionalismo, com armas, morte e arte contra as oligarquias. Por quê? Porque criam na possibilidade estripar os donos desse país algum dia. Os oligarcas estremeceram dentro de suas calças, contudo, como camaleões, vestiram fantasia de freira, senão tomariam o mesmo caminho do fundo do poço como tantos outros monarcas. Paulistas pegaram em armas contra mineiros e gaúchos na busca desenfreada pelo poder. Filhos, pais, mulheres, maridos, brasileiros jogados, uns contra os outros, numa imbecil batalha. Coitados, cavaram suas covas sem entender nada. Os gaúchos e mineiros venceram(?) a luta. Os donatários dessas três capitanias deixarão para os que sobraram a parte podre da fruta.

Getúlio Vargas, ditador, caudilho, populista, com seu discursos, os revoltosos acomodou. Ricos e pobres, com seu discurso nacionalista, enrolou. Foi apoiado pelo partido fascista e até comunista, a esses subornou. Amigo de Hitler, Mussolini, Peron, Franco, Salazar, Hiroíto. Cria que seu poder chegaria, um dia, ao infinito. Fundou o sindicato caricato. Nunca imaginaria que um deles, forjaria, nas greves do ABC, um sem dedo, um Silva. Líder nato. Justamente ele seria o paladino contra a ditadura. Getúlio criou também a CLT. Fundou um partido populista, o PTB. Combatendo-a, nasceria, uma mentira, apoiada pela burguesia e os “intelectuais uspianos”, o PT. Terminada a segunda guerra mundial, os EUA depôs o “o pai do povo”. Ele voltou quatro anos depois, derrubou Dutra e tomou o poder de novo.

Vomitou denúncias contra Vargas, Lacerda, o corvo. O caudilho suicidou-se numa carta, contando entrar para a história, só não contava com a curta memória do povo. Seu legado para o Brasil foi a praga do populismo. Essa praga mergulhou esse país constantemente num enorme abismo. Até hoje os trabalhistas exploram sua imagem. Para a novas gerações, essa imagem não passa de uma miragem. Abraçaram e dançaram com essa praga, Juscelino, Jânio, Jango. Todos eles juntos dariam um enredo deplorável para um tango.

O primeiro construiu Brasília, a capital com o capital mundial. Agora, transformada numa ilha, por ela circula o escuso capital mundial. Todos eles, cada um a seu modo, vendeu o país ao capital mundial. Os militares endividaram tanto esse país que o capital mundial passou por nós como um vendaval. Criamos o tal voto de protesto, elegemos Eneas, Clodovil, Tiririca e até o rinoceronte cacareco. Nenhum dominador ficou parado na nossa frente por muito tempo, despencou, como uma criança, ridículo como um boneco. Nunca fomos passivos. Somos lascivos. Nossas riquezas e nossa “burrice” são alvos de disputas. Comportam-se como nossos cafetões explorando putas. Ao serem  enganados…

(CONTINUA – VOCÊS NÃO TANTO ODIARÃO O PRÓXIMO TEXTO. A COPA VEM AÍ, NÃO VAI DAR TEMPO)

 segunda-feira, 26 de maio de 2014

Esse Texto Vocês Vão Odiar, Tenho Certeza

(O BOCA DO INFERNO – 22/5/14)

“Antes de os portugueses descobrirem o Brasil, os portugueses tinham descoberto a felicidade”. José Oswald de Andrade.

Nestas praias paradisíacas, de um céu azul anil, desembarcaram piratas bêbados, doentes, famintos para nos acorrentar, estuprar nossas mulheres, roubar nosso Pau Brasil. Nesse tempo, usávamos ervas para curar nossas feridas, não fazíamos a menor ideia de como empunhar um fuzil. Logo depois, desembarcou por aqui um homem com roupas esquisitas, um sobrenome deveras curioso, hábitos estranhos: um tal de Sardinha. Quase morreu afogado. Para um povo antropófago, acostumado a comer peixes enrolados em folhas de bananeiras, não houve problema algum. O mar deixou esse petisco muito bem temperado. Foi deglutido com mandioca e cebola, em fogo baixo, bem assado.

Logo depois do pescado e assado Sardinha, deram, com os cornos no nosso paraíso, um povo vestido de preto trazendo nos ombros uma coisa maldita, que chicoteava e matava em nome de Deus: a tal da Inquisição. Vestiam-se como corvos, caçavam nativos com uma mão na espada e a outra na cruz. Usavam também a chibata ou cutucavam os corpos feridos com um tição. Os que eles chamavam de índios ou se convertiam ou viveriam, para sempre, sem ver a luz. Pusemos para correr, à custa de muitas vidas inocentes, esses urubus. Depois dessa fuga, índios, negros, mestiços, voltaram a andar nus.

Depois pularam em cima de nós os piratas franceses. Vinham carregados da ilusão de também nos embebedar, para nos amarrar, dominar, estuprar. Expulsamos, com nossos tacapes, aqueles frufrus fedorentos. Lutamos, obrigados, ao lado de um tal Estácio de Sá, mais tarde, também o pusemos para correr com tanto medo até se cagar. Não gostamos nem um pouquinho dos seus intentos. O safado fugiu para as terras de além mar. Só ouvíamos o barulho dos portugueses entrando em canoas, como ouvíamos os seus lamentos. Os holandeses empurrados por uma tal Cia. das Índias Ocidentais quiseram a cana de açúcar, ouro branco, que plantávamos em Pernambuco. Tanto eles, quantos os franceses foram expulsos por índios e negros, mestiços, enfim brasileiros, na ponta de um trabuco.

Mandamos embora um imperador português para assaltar um Portugal decadente. Em seguida, devolvemos para a Europa outro imperador. Esse, porém, era mais decente, diferente. Amava o Brasil. Mas, quem não ama, exceto o brasileiro demente? O velho foi embora, deixando o produto do roubo, como se fosse um favor. Imigrantes chegaram de todo lugar, atrás de um país de braço abertos para se entregar a um povo salvador. Cultivaram a terra dos coronéis como escravos, comendo os restos de comida, como porcos, curtiram sua esperança com a dor. Depois de muita porrada, encheram a boca um sorriso próspero, mas irônico. Misturaram-se tanto aos brasileiros, até inventaram juntos uma nova língua, o “português macarrônico”.

Passamos pelas mãos de cruéis dominadores. Povos “achados”, como o nosso, sem pai, cuja mãe é uma caravela, não escapam das armas, armações, roubos, corrupção, submissão, carregaram na pele, no suor, nas fezes, os seus fedores. Ao contrário do que se conta nos livros de história, somos lutadores. Batemos na cara deles, com gana suficiente para registrarmos cada um dos nossos atos na memória. E por que, então, não temos memória? Porque, povos descobertos, aprendem a esquecer a barbárie. Interessa ao dominador que nos sentamos tolos, toscos, burros, esquecemos o que é morder, nos impingem a ideia de que nossos dentes estão cheios de cáries. É fácil imitar como papagaio, implicitamente isso interessa a alguém. O difícil é lutar para não se sentir um Zé Ninguém. Lindo é adorar uma beleza imposta. Feio é se curar do complexo de se sentir uma ferida exposta.

(Continua – NUNCA FOMOS DOMINADOS, BAGUNÇAMOS A DOMINAÇÃO)

 sexta-feira, 23 de maio de 2014