O BOCA DO INFERNO (THE DAY AFTER)
Caros eleitos atores:
Algumas coisas, depois da ressaca da eleição, me assaltaram.Tratando-se de Brasil, assalto NÃO é ironia, é condição:
a) Por que Aécio Neves, virtual presidente, perdeu em MG, onde mandou, durante 12 anos, além de fazer o “Azia”? Ganhou justamente o Pimentel, candidato do PT, e no primeiro turno. Mineiro pode ser qualquer coisa, mas não é bobo, não.
b) Por que Tarso Genro (governador do Rio Grande do Sul, reduto do PT), que estava disparado nas pesquisas, inclusive na boca de urna, perdeu o primeiro lugar para Pedro Ivo, que nem era cotado para o segundo turno? Gaúcho pode ser qualquer coisa, mas não é bobo, não.
c) Dilma, no início do processo eleitoral, admitiu ganhar no primeiro turno. Com a morte de Eduardo Campos, Marina explodiu nas pesquisas, mas brasileiro tem memória curta, então Marina despencou. Por que, então, as pesquisas sustentaram um empate técnico entre Aécio e Marina? As pesquisas erraram tanto ou o negócio era manter os dois candidatos batendo um no outro para ver quem iria para o segundo turno esquecendo Dilma?
d) Marina é candidata de um saco de gatos antipetista, as viúvas. Então uma pequena parte vira petista, mas a maioria vira Aécio. Ou não? Marina viveu 24 anos no PT e Tião Viana, seu aliado político, é do PT, no entanto rachou com a legenda em meio a um festival de acusações.Marina optará pela fidelidade ou pelo rancor?
e) O que o povo manifestante nas ruas quer ao reeleger homofóbicos (Bolsonaro/Felciano, por exemplo) e figuras folclóricas como Tririca? Eleger o filho de Calheiros, no primeiro turno, e Fernando Collor, notório ladrão? pelo menos, foi por isso que foi apeado do poder. E o vamos acabar com a corrupção?
f) Alguém pode me explicar que diabos é essa tal de “nova política”, com tantos velhos camaradas, tendo de apoiar um ou outro velho político? Desculpem-me, mas Aécio não é novo na política.
g) São Paulo gosta tanto de chuchu ou os eleitores não tinham ninguém menos estúpido em quem votar? 20 anos de PSDB não é mole, não. São Paulo não anda. É isso que Aécio promete para o Brasil?
h) Por que Dilma ontem disse que trabalhava com a possibilidade de segundo turno, quando foi espalhado aos quatro ventos que venceria no primeiro? Pra que servem institutos de pesquisa, para esclarecer ou induzir?
Parodiando Macunaíma: “Pouca leitura e muita baboseira, os males [da universidade] do Brasil são”…
O CAPETA, OS TUBARÕES E O INFERNO DA ELEIÇÃO
(O BOCA DO INFERNO – DOMINGO, DESCULPE, VAI SER FODA)
Quero dizer em alto e bom som:”Não tenho candidato a prefeito”. Esse cara pirou, diria você, empedernido eleitor. “A eleição é para presidente, idiota”. É que já estou me adiantando. Daqui a dois anos, depois de greves, protestos, manifestações, revoluções de botequim, crises, mentiras, amores de carnaval, casamentos desfeitos reatados desfeitos, desculpas, serão os mesmos se atracando pelo osso, o tutano principalmente. Lembra? “OS INIMIGOS DE HOJE SERÃO OS AMIGOS DE AMANHÔ e vice-versa. Ah! e também não tenho nem para vereador, nem para síndico do meu prédio, nem para quem embalsamará o Sarney.
Você, ansioso eleito leitor, dirá: “Ou esse sujeito pirou ou bebeu ou tomou uma picada na veia ou fumou a erva do diabo ou tudo isso junto. Quem sabe, não esteja fugindo do que realmente interessa?” Eu lhe perguntaria, ignóbil perguntador: “E o que realmente interessa?” Ah! desculpe a minha imbecilidade, acabei de achar: o capeta. Ele interessa.
“Por que o capeta, ora pois, pois?” Cassete: “Outra pergunta?” Você é chato, cego, idiota ou o quê? Não ficou claro, ontem, depois do bate, rebate, bate,re bate? Vai que algum dos candidatos à presidência (kkkkk) da republiqueta viaje para algum lugar além da maionese e a embarcação alada desabe em cima do curral eleitoral do candidato que ocupa o primeiro, segundo, terceiro ou quarto lugar nas pesquisas, dependendo da margem de erro. Como ficará o emprego do capeta? Coitado!
Domingo, serei obrigado a sufragar (se você não sabe o significado, pode fazer analogia com outro verbo terminado em “gar”). É, via de regra, quase a mesma coisa. Encararei a tal da urna, Urna é também o local onde se depositam os mortos. Usarei, no auge do desespero, uma regra clássica para escolher algo que não sei como escolher: “uni, duni, tê/salamê, minguê/ um sorvete colorê/ o escolhido foi você…” Depois, apertarei apertarei a tecla CONFIRMAR. Não existe a CURTI.
Você, empalidecido leitor, que ganhou um sanduíche pra vir exprimido em busão a um comício de um candidato, que nunca viu, pode achar: “Esse sujeito tá de sacanagem”. Não estou. Depois dos dois últimos “bate apanha bate apanha…” empaquei tal qual um jumento. Nada tenho contra o animal, foi apenas uma analogia tosca. Que me desculpe a Associação protetora do equídeo, provavelmente ligada à CUT ou à FORÇA SINDICAL.
Pensei em um atentado terrorista: raptarei todos os candidatos, junto com o Sarney, amarrarei uma pedra no pé de cada um e jogarei todos em alto mar. Desisti. Covarde? Não, medroso. Poderia provocar o maior desastre ecológico da história humana. Os tubarões, coitados. Como, depois do rega-bofes de carne de quinta, sairiam do mar para vomitar? Esqueci. Depois que a ABL tornou o Sir Ney imortal, ele levou o negócio a sério. Os tubarões teriam apenas uma saída, fazer dele chiclete de baleia.
Falei esse monte de besteiras, para esconder uma verdade desesperadora, não sei em quem votar, Para quem está na minha situação, há uma saída: “uni, duni, tê/salamê, minguê..”
MINHA DECLARAÇÃO
(O BOCA DO INFERNO – HOJE. AMANHÃ NÃO SEI MAIS)
Declaro, para os devidos fins, que não venho aqui falar de política, mas dos "blitzkgier" (ataques rápidos de surpresa). Os americanos e, principalmente, os alemães "deitaram e rolaram", durante a II Grande Guerra Mundial, usando e abusando, desse expediente. A intenção era pegar o "inimigo com as calças arriadas", de preferência sentados na privada, para evitar reações rápidas. Na propaganda eleitoral, esse expediente não tem como ser usado, pois a merda aparece, como num passe de mágica, jogada por um postulante a um cargo na fuça dos papa urnas, obrigados a sufragar. E todos estão com as calças arriadas ou saias levantadas prontos para colher o material bélico.
Declaro, para os devidos fins, que não pretendo falar de politicagem, mas de renda, lógico que não de calcinhas e sutiãs e sim de bufunfa, grana, cascalho. Perdoem-me a piada infame, não resisti. Quero falar daquele formulário que, em tempos de internet, o governo nos obriga, todo ano, a preencher. E ai de você se cometer algum erro (desculpe a piada infame novamente, mas também não resisti) virará piolho. Passará, querendo ou não, por um pente fino. Achado qualquer sinal de uma lêndea, vem a multa. A receita, que ironia, é enfiar a mão no seu bolso.
Declaro, para os devidos fins, que não nasci num circo, não tenho as habilidades de um domador, portanto não deveria, contudo estou sujeito à mordida do leão. Não só os dentes, mas também as garras são afiadas. Estão sempre disfarçadas de fiscais, aqueles com cara de fuinha e bafo de cobrador. Não conheço, porém me dizem, sem constrangimento algum, que tudo o que escapa das mãos da fiscalização acaba na conta da viúva. Viuvinha gastadeira essa, hein! Também, com essa mania de passear e se esconder em algumas dessas paradisíacas do Pacífico…
Declaro, para os devidos fins, que, de uma hora para outra, sem ganhar qualquer um desses fajutos prêmios, de uma dessas fajutas loterias, descobri algo absurdo que mereceria uma investigação apurada. Merece ser contado. Não é fofoca, veja bem! O porteiro do meu prédio, falemos baixo, é milionário. Ele tem, pasmem, uma bicicleta, uma casa própria, geladeira, televisão, enfim é uma espécie de Eike Batista das portarias. Fatura uma grana preta, já que trabalha em dois prédios diferentes: um de noite e no outro de manhã. Contra todas as leis, que regem a CLT, acumula cargos. Nas horas vagas, faz papel de zelador. Absurdo. O safado, pelo menos, não recebe bolsa família. Deve ter deixado para a pobre mocinha da SUV do primeiro andar. A classe média está pobre. O bolsa família dela não dá nem para encher o tanque do carro durante a semana! Engana as autoridades, o safado. E ainda tem a cara de pau de pedir aumento de salário. Ganha, pasmem, dois salários mínimos. É quer mais. Que trabalhador formado na USP, UNESP e UNICAMP ganha uma fortuna dessas?.
Declaro, para os devidos fins, que, depois de ver a declaração de renda dos nossos postulantes ao cargo mais importante da nação, fiquei com tanta pena deles que ando passando o chapéu (nasci naqueles tempos bicudos de hiper inflação que, graças a Deus, ao santo Luis Inácio e seus discípulos aloprados, não existem mais. Hoje não passam de memórias) na porta das igrejas, onde se espera que as pessoas sejam mais solidárias, para ajudá-los a pagar o aluguel de um barraco. Dou um conselho a eles, "se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia", que morem em Tabatinga. Como todas da cidades do país, há favelas. Em todas elas, há barracos para serem alugados. Se bem que o aluguel de um barraco anda pela hora da morte. Qualquer coisa, é só entrar no programa minha casa, minha vida. Eike já fez o dele, investiu lá. Tabatinga, pelo menos, fica perto de Brasília. E, qualquer trabalhador, pasmem, dá carona na sua moto ou carroça ou caminhonete para um pobre político desavisado, sem pedir uma grana pela corrida.