UNESP – SEM MEDO
UNESP – SEM MEDO
(PROF.:LUIZ CLÁUDIO JUBILATO)
1. Se você estudou para o ENEM, estudou, automaticamente, para a UNESP, portanto as quatro áreas do conhecimento serão exploradas: linguagens e códigos, ciências humanas, matemática e ciências da natureza.
2. Serão 90 testes para 4:30h de prova; os outros 30 min. devem ser utilizados para o gabarito. Cuidado com o tempo, ele será o seu maior inimigo. Você deverá ler muito, o que é cansativo.
3. Você terá enunciados longos, mas opções mais curtas que as do ENEM, por exemplo. Cuidado porque a prova se apoia quase que totalmente na análise de textos em todas as áreas, portanto volte ao texto sempre que necessário. O bom leitor, o leitor calmo terá mais possibilidades de “se dar bem”. A calma é essencial nessa hora.
4. Muitas vezes, as respostas das questões estão claramente expostas no enunciado ou é possível resolver muitas delas por eliminação. Cuidado com as afirmativas categóricas, como: somente, tão-somente, nunca, jamais… (quase sempre são “pegadinhas”). Outra possibilidade é ler as opções primeiro lugar, pois elas poderão direcionar e facilitar a sua leitura do enunciado.
5 Você pode esperar uma prova objetiva, com a presença de muitos textos literários e não-literários, inclusive nas outras áreas. É comum que surjam textos literários e não-literários, em todas as áreas. Cuidado: eles estão presentes nas áreas de humanidades e até mesmo nas de biológicas e exatas.
6. Por exemplo: utilizando um pequeno fragmento do livro VIDAS SECAS, é possível extrair questões que de geografia, história, características do estilo do autor e da escola literária, gramática, dentre outras disciplinas.
7. UNESP propõe uma prova interdisciplinar. Disciplinas, como filosofia, sociologia e história da arte, estão associadas a textos jornalísticos, literários e até mesmo a tirinhas de jornais.
8. Para a prova de linguagens é importante observar a gramática normativa. Podem surgir questões sobre estrutura e formação de palavras, classes de palavras, vícios de linguagem…
RACIOCINE COMIGO
(O BOCA DO INFERNO – BRINANDO DE ESCONDE-ESCONDE)
– “Filha, ele vai sentar no cinema e colocar a mão no encosto da cadeira. Pode confiar em mim, está com más intenções. Esse indivíduo quer é apalpar o teu seio. Se ele te chamar pra dar uma volta de carro, é conversa fiada, está querendo te “enrolar”, não vá. Ele pode te agarrar, principalmente se for num lugar escuro. Caso ele tente te beijar, segure a mão dele, ele quer te alisar. O safado vai te chamar jantar. Invente uma desculp, não vá. Se for para almoçar, tudo bem. Num jantar, ele vai tentar te embebedar. Ele vai tentar é te comer. Nada de saias curtas, nem blusas decotadas, ele vai dizer que fica louco com isso e vai tentar te agarrar. Homem não presta. É tudo sem vergonha! tudo galinha. Os de olho azul são os piores”.
– “Nossa, mãe! Como é que você sabe de tudo isso? Da novela é que não é!”
– “Seu padre, o senhor já viu essa nova novela? E aquele programa de amor e sexo? E aquele videozinho rodando na internet de um atorzinho safado brincando de Deus? É uma bagunça. O mundo está de pernas para o ar. Tá uma loucura essa quantidade de pornografia pra tudo quanto é lado? Esse mundo tá perdido, seu padre. O diabo tá dominando o mundo. E as minissaias dessas meninas? E as blusinhas curtas e os shortinhos curtinhos? Dos biquínis fio dental, nem vou falar. Deus tem que agir. O Senhor tem de nos salvar. Já não consigo segurar nem a minha filha mais. Ela vai presses bailes funks com esse bando tatuado”.
– “Eh! minha filha! A coisa realmente tá feia, mesmo. Inclusive, com a sua idade, eu aconselharia você a abaixar um pouco o comprimento dessa sua saia e fechar esse decote. Isso não é roupa pra entrar na casa de Deus”.
– “O pastor falou na tevê que homem casar com homem e mulher com mulher é pecado. E não é? Ele tem razão. Esse povo “invertido” não tem Deus no coração. E o pastor está certo, como sempre: Glória, Jesus! Glória! Jesus! Sexo não foi feito pra gerar filho? Não é isso que tá na Bíblia? Não é isso que Deus disse? ‘Crescei-vos e multiplicai-vos’, diz a Bíblia! Então esse pessoal tá conspurcando a Bíblia e as leis de Deus. Eles não têm vergonha, não? Será que não têm um jeito de expulsar o diabo do corpo dessa gente? A fé pode mudar a vida desses pecadores. O candidato a presidente falou que o aparelho escrotal foi feito só pra por filho no mundo. E não que ele tá certo? Pelo menos um desses políticos safados acredita em Deus”.
– “Eh, minha filha, o diabo anda mesmo dominando as pessoas, inclusive, o pessoal do bairro anda falando muito mal do seu marido. Dizem que ele renegou Jesus, mudou muito depois que passou a tirar a sobrancelha e fazer as unhas no salão da Maria da Glória. Glória a Deus!”.
– “Esse pessoal só faz piada com veado, crioulo, aleijado, português, político, pobre e judeu. É engraçado, mas ofende essa gente. Eu, por exemplo, tenho até amigo preto. Ele não gosta dessas piadinha. O seu Manoel da padaria (Por que será que tudo quanto é portuga, se chama Manoel? Por que eles vêm pra cá pra ser padeiro? Por que não ficam lá na terra deles? Ouvi falar que eles não gostam de tomar banho. Não vou mais comprar pão dele). Será que esses humoristas não podiam fazer piada com coisa mais séria? Tinha é que tirar esse povo do ar e mandar prender todo mundo. Quero ver eles fazerem piada na cadeia”.
Hipocrisia. Pura hipocrisia. Desde as cavernas, primamos pelas diferenças. Pior primamos por bisbilhotar a vida das outras pessoas e rirmos do que não concordamos. Nesses tempos bicudos, não queremos apenas bisbilhotar, queremos impor o que consideramos correto, o que consideramos “família”, um conceito tão mutante quanto flácido.
O politicamente correto tornou esse nosso mundo um “saco”. Chato demais. Pense: todo sujeito que defende o politicamente correto é politicamente incorreto. Todo ser que pensa que faz da maioria, nunca pensou que, em algum momento da sua vida sem graça, se tornará membro de uma minoria. Passa o tempo todo tomando conta da vida dos outros e não olha para o próprio umbigo. Se as pessoas tomassem conta da própria vida, arrumassem o que fazer, não teriam tempo pra tomar conta da vida, das opiniões e atitudes dos outros.
Se eles conhecem tanta “sacanagem” ou vêem tanta “sacanagem em tudo” é porque têm como desvio de conduta o mundo através dos olhos da sacanagem. Herói ou bandido depende do ponto de vista. O ponto de vista desse pessoal contra o politicamente incorreto nasce da falta de coragem de abraçar esse politicamente incorreto. Máscara serve pra isso, pra gente esconder a hipocrisia. Moralista nunca a moral mais ilibada do que a de quem tenta moralizar.
QUANTO VALE?
“Todo homem tem seu preço” – Quanta novidade? Uns valem mais; outros, menos” – Quanto?
“Sou apenas um número naquela escola, passando por aquela catraca” – menina, cara cheia de espinhas, indignada.
“Entrei para as estatísticas, passei para a classe C” – novo consumidor abestalhado com o próprio sucesso, notificado pelo SERASA, pendurado no cartão de crédito. Nem percebe a manipulação dos números.
“Minha empresa está entre as dez mais produtivas do país” – cretino anunciante da cretina revista paga para vender mentiras palpáveis.
“Sou apenas mais um na multidão” – filósofo de botequim depressivo, libertando o animal num poema idiota sobre a multidão ansiosa por alguma coisa. Coisa que ela sequer imagina o que possa ser.
“Não sou só mais um artista no meio dessa mediocridade toda, meu talento é inquestionável” – pseudo-gênio vangloriando-se da sua pseudo-genialidade para a plateia de pseudo-intelectuais, que não viram o que não viram.
“Sou bem mais que um mero professorzinho, sou o professor, tá entendendo? O professor.” – arrogante aborto da cultura de almanaque, que não sabe que não sabe.
“Não aceito. Não são só dois milhões que vão me comprar” – honorável e incorruptível causídico cogitando perder a causa ganha, para favorecer um honrável e incorruptível amigo.
Número no talão de cheques. Número no cartão de crédito. Número no código de barras. Número da casa na rua. Número na chamada. Números… Números… Números… Números… Números … Números… Números… Números… Números… Números…
Calculo, conto, contabilizo, suborno, compro, vendo, pago, recebo. Tudo são números. Tudo são compras. Tudo são vendas.
Dinheiro…Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro… Dinheiro…
Contabilizamos a nossa vida em número de dias, meses, anos, décadas, séculos… números definem nossos rituais de passagem…
Contabilizamos dívidas, lucros, candidatos, votos, eleições, juros, torcedores, cidadãos, classes sociais, pressão arterial, salário.
Somos cálculo… cálculo… cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…cálculo…
Ironias da vida:
Balanço = número (antigo brinquedinho)
Banco = número (antigo assento)
Caixa = número (antigo receptáculo)
Caixa = número (antigo manipulador do dinheiro dos outros para os outros)
Capital = número (antiga cidade onde se concentrava a administração de um país)
Capital = número (antigo dinheiro)
Poupança = número (antiga gíria para definir bunda)
Seguro = número (antiga pessoa cheia de certezas)
Cliente = trouxa = panaca = idiota = correntista (eufemismo – atual investidor)
Há homens, que têm valor.