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A redação é o fator de decisão no vestibular.

Quem escreve bem, consegue as maiores pontuações, inclusive na parte de linguagens e códigos.

 sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O dia 10 de junho

Dia da Língua Portuguesa
Dia da morte de Camões
Dia Nacional de Portugal
           
“Minha pátria é a língua portuguesa”, disse Fernando Pessoa(s). Falamos Português, pensamos em Português, sonhamos em Português e nos comunicamos em Português. Nosso mundo é um mundo feito de palavras. Palavras em português: expressão máxima da nossa nacionalidade, da nossa identidade.

“Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões” – disse Caetano Veloso.  Nascida do Lácio, região onde os irmãos Rômulo e Remo fincaram Roma, expandiu-se para expandiu-se pela Europa, pegou um navio com destino a além-mar para se tornar a oitava língua mais falada no mundo e a terceira de maior expressão cultural da Europa. É a quinta língua mais usada para a comunicação via internet.

Os países da Comunidade Lusófona (CPLP), constituídos por Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor-Leste, com uma população estimada em 300 milhões de falantes, que têm o Português, como Língua Oficial, reconhecem o dia 10 como o de comemoração por tudo o que representa para nós o nosso Idiomaterno.

Por que no dia da morte de Camões? Porque Camões é também atemporal. Porque foi o seu gênio criativo que concebeu Os Lusíadas, obra maior da literatura universal, que deu status de “língua culta” ao Português. Camões é “fogo que arde sem se ver”.

O que mais angustia é o fato de que não nos damos conta da beleza dessa língua capaz de produzir gênios como Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Cora Coralina, Clarice Lispector, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Mia Couto, Pepetela…

Pode-se alegar que, no Brasil, já não falamos mais o Português, mas uma língua brasileira, como já afirmaram os Andrades, Mário e Oswald, durante o primeiro momento modernista. Pode ser. No entanto, jamais poderemos abrir mão das nossas raízes, do nosso DNA, da matriz de tudo o que produzimos, do nosso idiomaterno.

A língua portuguesa tem dentro de si muitas línguas.

Luiz Cláudio Jubilato – professor de Língua Portuguesa – fundador do Criar Redação

 sexta-feira, 10 de junho de 2016

À Sombra de uma letra

CAPÍTULO I – CAPITULAR

Ávidas, heroínas, compulsivas, amáveis, punitivas, alegres, indecorosas, pudicas, sádicas, elegantes, vis, sedutoras, ridículas, afáveis. Cada uma escondida atrás de uma letra. Amam-se. Odeiam-se. Correm. Discorrem. Mergulham dentro dos outros. Mergulham fora de si. Sem escafandro, mergulham na linha. Resistem. Não querem ficar desnudas assim. Praticam a dança dos véus. A cada mudança de página, um cai outro esconde. Atropeladas por um dedo, um olhar, um óculos, escorregam para as entrelinhas.

CAPÍTULO II – CAPITULAR

            Acumuladoras.

            Ratazanas.

            Extasiadas.

            Traças.

            Ciumentas.

            Cupins.

            Egoístas.

CAPÍTULO III – CAPITULAR

            Possessivas. Assaltantes frias. Atacam na calada da noite, ao meio dia, ao cair da tarde, almas e corpos descritos. Imaginados. Roubam-nos. Tomam para si a existência inexistente de pessoas, bichos, espaço, tempo. Escondem-se atrás de cada letra para usurpar. E, quando começam, não param mais, torturam-se até… até algum dia votar para, mais uma vez se apaixonarem.  Abduzem seres, que, não sendo, são.

CAPÍTULO IV – CAPITULAR

            Ninguém, que não ame ler, sabe o que é isso: incorporar sem perceber, aprender sem ensinar, sofrer sem conhecer, rir e chorar, identificar-se sem se identificar, submergir sem respirar. E o perfume? Perfume dentro da página, perfume fora da capa. Gozar.

            Ninguém, que não ame, sabe o que é possuir um livro. Arqueólogos de sebos encontram velhotes desfigurados numa estante, mas, mesmo assim, empertigados. Bibliotecários grudam uns nos outros, resplandecentes, como se formassem um exército. Passantes os encontram amontoados numa banca. O leitor, de verdade, carrega o livro o mais perto possível do corpo. Puro prazer.

CAPÍTULO V – CAPITULAR

            Possuir um livro é um entregar-se. Ele me compra. Ele me lê. Ele me leva. Emprestar um livro? Não. Por quê? É ato de lesa personalidade.

            A aranha gera o fio. O fio gera a teia. A teia enreda o homem. O leitor é o personagem enredado, capitula.

Luiz Cláudio Jubilato – fundador e diretor do Criar Redação

 quinta-feira, 07 de janeiro de 2016