Papel Higiênico Brasil
(O Boca do Inferno – direto do banheiro Brasil).
13 de abril de 2017
Não vou negar que pensei muitas e muitas vezes em me mudar para o Paraguai. Pelo menos, lá tudo é autêntico.
No Brasil, tudo parece que é, mas não é. Tudo é camuflado.
É o país da hipocrisia: aquela história do brasileiro cordial, aquela história do país do futuro, aquela história do brasileiro – profissão esperança, aquela burrice de que somos a oitava maior economia do mundo, aquela burrice de país em desenvolvimento. São sim, autênticas. Autênticas burrices. Nossas burrices de “inocentes úteis”? Empulhação. Somos cidadãos papel higiênico, aceitamo tudo. Síndrome de avestruz.
Estamos no país em que o capim come a vaca, a ração come o cachorro e o senador que fará a reforma da previdência deve à previdência. O noticiário parece lista de chamada de escola. Escola de corruptos: Como aprender a ser corrupto na câmara de vereadores (nível 1). Como aprender a ser corrupto na prefeitura (nível 2). Como aprender a ser corrupto na câmara dos deputados estaduais (nível 3). Como aprender a ser corrupto como governador (nível 4). Como aprender a ser corrupto na câmara dos deputados federais (nível 5). Como aprender corrupção no senado (nível 6). Como aprender corrupção no senado (nível 7 – conta de mentiroso). Como aprender corrupção nos ministérios (nível 8). Pós-graduação em corrupção (vice-presidente – nível 9). Passou? Já pode ser presidente (nível 10 – LIVRE INDECÊNCIA).
Não vou mais embora. Estamos passando o país a limpo. Agora ficou bom: Zorra Total. Haja papel higiênico, mas bundas sujas, antes escondidas nas cuecas, estão ficando à mostra. Não vou mais embora. Decidi: vou ficar.
Estamos virando o Paraguai. Estamos ficando autênticos.
Por Luiz Cláudio Jubilato. Educador e diretor do Criar Redação. Professor e especialista em Língua Portuguesa e especialista em vestibulares. criarvest@uol.com.br
A essência de um chumpim e da sua “ética” elástica
11 de abril de 2017
A metáfora é desgastada, mas nunca foi tão cruelmente realista, em tempos de crise econômica, ética, moral, religiosa, social, comportamental. Se bem que chupins não precisam de crise para se mostrar tal como são, seu comportamento torto vem da sua essência oca. “A culpa é sempre do outro”. “O outro sempre é desonesto”. Mede “os outros” com sua régua torta.
Talvez por falta de talento, por cacoete mesmo, porque acham que nunca serão descobertos ou porque se tornaram especialistas na arte de enganar, chupins, travestidos de revolucionários, usam a tática do Grande Irmão de 1984, de George Orwell para se perpetuar: atribuir o seu comportamento tirânico, disfarçado de revolucionário, à ameaça de uma potência inimiga estrangeira.
Para combatê-la, nada como praticar o culto à personalidade, à vitimização, e lógico, criar um mantra, que pisam e repisam, usando a propaganda massificadora para incuti-lo na cabeça dos incautos: a culpa é da potência opressora. Ela é que é desonesta.
Vamos à metáfora, então: O chupim é um pássaro de penas pretas que, sob a luz do sol, parece azul-violeta. Salta fácil do velório para a passarela, basta inflar o seu enorme ego. Sempre arruma um modo de ficar sob os holofotes, para ninguém perceber que a cor é enganadora. Ninguém percebe à primeira vista, mas sua essência é a de predador.
Parece bonito, mas não é. Parece inteligente, mas não é. Esperto é. E muito esperto, coitadinho. Tão esperto que às vezes tropeça na própria esperteza ou será na arrogância? Seu canto sedutor é, é a azul violeta. Enfeitiça. E como!
Entre os que o observam atentamente, pois não caem mais na esparrela, é conhecido como Papa-arroz, Vira-bosta e Engana Tico-tico. Na cara, no papo, na sua fantasia megalômana, crê que é azul-violeta. Somente sob holofotes, é. Quer morar sob eles, claro. Esse bicho não passa de um oportunista, um parasita. E canta, e canta, e canta… Precisa aparecer, atrair tico-ticos: pássaros pequenos e trabalhadores, mas ingênuos.
No período de reprodução, os tico-ticos fazem seus ninhos e, como têm essência trabalhadora, saem para procurar alimentos e sustentar seus filhotes; o Chupim, não. A tática dele é outra, uma tática vil: não constrói nada, dá muito trabalho construir. Espera o momento oportuno para escolher a vítima e dar o bote: coloca os seus ovos no meio dos dos tico-ticos. Eles cuidarão do seu filhote, como se fosse deles. Os outros criam; ele usufrui do filho pronto. Esperto, não? Mas isso tem um preço: mais dia, menos dia, o criador terá como competidor a criatura.
Se for pego roubando comida, levanta uma bandeira: a culpa é da fome. Posa de coitado, chega às lágrimas, finge se ajoelhar, se preciso. Se for pego, rindo das suas estripulias, convenientemente levanta outra bandeira: Estava defendendo os fracos como eles. Se for pego com as penas nas mãos, espalha boatos: só faz o que todos fazem. É um marqueteiro mentiroso, tal como sua fantasia. Acha que os meios sempre justificam os fins. Mas, com o tempo, as penas caem e aparecem os ossos do seu corpo esmirrado.
Para quem aprendeu a não gostar dos métodos de um chupim, vou citar uma frase de Abraham Lincoln, cruelmente realista, muito adequada ao comportamento desse bicho pernicioso: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo…”
Por Luiz Cláudio Jubilato. Educador e diretor do Criar Redação. Professor e especialista em Língua Portuguesa e especialista em vestibulares. criarvest@uol.com.br
Estratégia no jogo do Vestibular
Uma das questões cruciais que levam um vestibulando a conquistar uma vaga na universidade é a Regularidade.
Estudar regularmente visando a qualidade e não a quantidade de horas em frente a uma apostila aberta: “Decifra-me ou te devoro”. E isso não é fácil manter durante um ano sob pressão.
“Estou desanimado”; “Estou muito estressado”; “Não consigo dormir” – são as frases que mais ouço na sala de aula ou no corredor da escola. Se você está inserido em um desses casos, pode acreditar, está tendo tempo demais para “pensar na vida”.
Pensar na vida significa acreditar: “Não vou passar” ou “Estou perdendo meu tempo, melhor entrar na faculdade que der” ou “Não quero mais ver tudo isso de novo”. Faltam, nesses casos, exercícios físicos, bons relacionamentos ou aproximar-se mais dos professores.
O “blefe psicológico”: inventar excesso de desculpas para si mesmo, porque não faz o que tem que fazer e assim amenizar um possível “fracasso”.
“Não quero me iludir”: tudo o que você não faz, o seu concorrente faz. Ele pode até perder, mas está jogando para ganhar. Não quer mesmo se “iludir”. Você está perdendo o jogo para si mesmo.
Sempre digo aos meus alunos: Não adianta fazer 4 redações em uma semana e não fazer nenhuma nas duas semanas seguintes. Uma por semana é suficiente, desde que você pesquise sobre o tema, antes de elaborá-la e a corrija toda semana.
Regularidade. Lembra?
Não é a quantidade de textos elaborados que fará a diferença, mas sim a qualidade deles. Escrever uma redação não é treinar, quem treina é atleta. Escrever um texto é buscar adquirir um estilo próprio, buscar construir um texto “autoral”. Redigir é pensar: “livre pensar”. Pensar, com a “própria cabeça”, sem se sujeitar a um cabresto de um modelo. Não é fordismo.
Pergunto: Quanto tempo você leva para escrever o seu texto, quanto tempo aguenta ficar sentado estudando “sem enrolar”, quantos exercícios consegue fazer em 3 minutos em um simulado sem “chutar”, quantas horas dorme por noite (sono ensina, sono fixa), quantas aulas consegue assistir atento, anotando, sem se dispersar.
Para lidar com a concorrência é preciso criar uma estratégia própria, sem copiar a dos outros. O mesmo remédio faz efeitos diferentes, em pessoas diferentes. Você precisa “conhecer” os seus limites, para elaborar uma estratégia só sua. Observando que provas diferentes têm estilos diferentes, por isso é importantíssimo fazer a de anos anteriores.
Se começar a pensar muito na vida, pegue um artigo para ler, um filme para ver. Uma apostila sozinha, em cima da mesa não passa ninguém no vestibular. Corra atrás de publicações que possam aumentar o seu repertório cultural.
Estude na escola, ela foi criada para isso. Estudar em casa uma matéria que não domina, não é estudar, é se tornar autodidata: aí perde um tempo enorme, a matéria acumula, aumenta o desespero, fica mais fácil deitar e esperar o tempo passar, chorar, espernear, procurar psicólogo, psiquiatra: “Ah! Na hora eu se viro” – doutor.
Não se “mate” de estudar, estude com regularidade, mas não vale “blefar”.
Regularidade. Lembra?
Por Luiz Cláudio Jubilato. Educador e diretor do Criar Redação. Professor e especialista em Língua Portuguesa e especialista em vestibulares. criarvest@uol.com.br