RADICALIZAÇÃO INTERESSA A QUEM?

(O Boca do Inferno direto da boca desdentada da urna)

Eleger um inimigo externo sempre foi uma estratégia repisada para tirar o foco do que interessa, além disso aguça o sentimento patriótico (vide 1984 de George Orwell). Usar factoides é outra estratégia batida. Lula, Dilma e Termer aprenderam o expediente com Maluf e César Maia.
Em tempos de redes sociais, nas quais uma grande maioria se enreda, quem lucra com isso é quem melhor souber se valer da cegueira. Vale como nunca desqualificar o adversário. Se o candidato não tem como apresentar propostas exequíveis, desqualifique-o: assim fez Trump. Outra estratégia é dividir as ideologias entre esquerda e direita.
Essa divisão é proposital, beneficia principalmente ao PT e a Bolsonaro. Bolsonaro é esperto, encarnou o anti-PT, como uma vestal. Assanhou o eleitorado, como fez o “Lulinha Paz e Amor”.
Na verdade, há uma luta entre o voto anti-PT e o anti-Bolsonaro. Não há santo que faça com que seguidores de um e de outro discutam política partidária. Nada de propostas, só ofensas. Burrice crônica. O PSDB, nesta história, está fora da disputa: o muro ficou largo demais.
Não crescemos como país nestas eleições, não crescemos como cidadãos. Se o voto fosse facultativo (deveria ser – voto obrigatório é resquício da ditadura militar) teríamos urnas vazias.
Depois dos fatos lamentáveis, que vêm ocorrendo neste pré-pleito, diria que o seu voto será um voto de risco, risco à sua integridade física.
No entanto, precisamos estar presentes: quatro anos é muito tempo para entregar nossas galinhas à vigilância da raposa.
O voto de manada representa a falta da cultura da discussão política. Pergunto: você já entrou no site da Transparência Brasil? Já entrou no site do Museu da Corrupção? Em eleição, ninguém é inocente e o que parece novo é, na verdade, a vanguarda do atraso.
“No tempo da ditadura, o país era melhor”. Ao invés de repetir essa frase como papagaio ou defender “o que ouviu falar”, estude. O movimento da “escola sem partido” é um engodo, ele tem partido: ninguém neste mundo é imparcial.
No governo FHC, o presidente fez um projeto de privatização em um mundo em crise e vendeu a Vale do Rio Doce, a CSN, a Usiminas a preço de banana com juros a fundo perdido.
Nos anos 70 e 80, todo mundo que não aceitava as regras do sistema era chamado de comunista. Todo mundo que era conservador era chamado de direitista. Ao apelido “esquerdopata” poderemos contrapor “direitopata”. Esse é mais um expediente para evitar discussões políticas reais. Você já se perguntou a quem interessa isso? A quem interessa o voto “útil”, o voto “inseticida”? O voto de “protesto”? São os votos mais burros que existem. São o voto do não votar. Olhe o buraco onde estamos?
Ninguém é inocente. Só Aécio, diz o STF. Assim “Vou-me embora pra Pasárgada”.

 quinta-feira, 27 de setembro de 2018