A essência de um chumpim e da sua “ética” elástica
11 de abril de 2017
A metáfora é desgastada, mas nunca foi tão cruelmente realista, em tempos de crise econômica, ética, moral, religiosa, social, comportamental. Se bem que chupins não precisam de crise para se mostrar tal como são, seu comportamento torto vem da sua essência oca. “A culpa é sempre do outro”. “O outro sempre é desonesto”. Mede “os outros” com sua régua torta.
Talvez por falta de talento, por cacoete mesmo, porque acham que nunca serão descobertos ou porque se tornaram especialistas na arte de enganar, chupins, travestidos de revolucionários, usam a tática do Grande Irmão de 1984, de George Orwell para se perpetuar: atribuir o seu comportamento tirânico, disfarçado de revolucionário, à ameaça de uma potência inimiga estrangeira.
Para combatê-la, nada como praticar o culto à personalidade, à vitimização, e lógico, criar um mantra, que pisam e repisam, usando a propaganda massificadora para incuti-lo na cabeça dos incautos: a culpa é da potência opressora. Ela é que é desonesta.
Vamos à metáfora, então: O chupim é um pássaro de penas pretas que, sob a luz do sol, parece azul-violeta. Salta fácil do velório para a passarela, basta inflar o seu enorme ego. Sempre arruma um modo de ficar sob os holofotes, para ninguém perceber que a cor é enganadora. Ninguém percebe à primeira vista, mas sua essência é a de predador.
Parece bonito, mas não é. Parece inteligente, mas não é. Esperto é. E muito esperto, coitadinho. Tão esperto que às vezes tropeça na própria esperteza ou será na arrogância? Seu canto sedutor é, é a azul violeta. Enfeitiça. E como!
Entre os que o observam atentamente, pois não caem mais na esparrela, é conhecido como Papa-arroz, Vira-bosta e Engana Tico-tico. Na cara, no papo, na sua fantasia megalômana, crê que é azul-violeta. Somente sob holofotes, é. Quer morar sob eles, claro. Esse bicho não passa de um oportunista, um parasita. E canta, e canta, e canta… Precisa aparecer, atrair tico-ticos: pássaros pequenos e trabalhadores, mas ingênuos.
No período de reprodução, os tico-ticos fazem seus ninhos e, como têm essência trabalhadora, saem para procurar alimentos e sustentar seus filhotes; o Chupim, não. A tática dele é outra, uma tática vil: não constrói nada, dá muito trabalho construir. Espera o momento oportuno para escolher a vítima e dar o bote: coloca os seus ovos no meio dos dos tico-ticos. Eles cuidarão do seu filhote, como se fosse deles. Os outros criam; ele usufrui do filho pronto. Esperto, não? Mas isso tem um preço: mais dia, menos dia, o criador terá como competidor a criatura.
Se for pego roubando comida, levanta uma bandeira: a culpa é da fome. Posa de coitado, chega às lágrimas, finge se ajoelhar, se preciso. Se for pego, rindo das suas estripulias, convenientemente levanta outra bandeira: Estava defendendo os fracos como eles. Se for pego com as penas nas mãos, espalha boatos: só faz o que todos fazem. É um marqueteiro mentiroso, tal como sua fantasia. Acha que os meios sempre justificam os fins. Mas, com o tempo, as penas caem e aparecem os ossos do seu corpo esmirrado.
Para quem aprendeu a não gostar dos métodos de um chupim, vou citar uma frase de Abraham Lincoln, cruelmente realista, muito adequada ao comportamento desse bicho pernicioso: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo…”
Por Luiz Cláudio Jubilato. Educador e diretor do Criar Redação. Professor e especialista em Língua Portuguesa e especialista em vestibulares. criarvest@uol.com.br