Enem mudou? Você acredita em Papai Noel? Em Coelhinho da Páscoa?
(O Boca do Inferno – Direto do Inepto)
A professora Maria Inês Fini, criadora do Enem, avisou, em meados de 2016, que o Exame Nacional do Ensino Médio voltaria às suas origens (Enem – A Origem), isto é, voltaria a ser uma prova apenas para avaliar a quantas anda o ensino médio brasileiro, se bem que não precisamos ir muito longe, pois, em todas as últimas avaliações internacionais (PISA), tivemos um desempenho pífio, tão pífio que o desgoverno Temer tirou da prancheta, a toque de caixa, uma Deforma Educacional (assim mesmo), com varinha (caneta) de condão, abóbora (MP) e tudo.
Essa será a grande obra que Temer deixará para a posteridade, tão absurda quanto a dos militares que nos deixaram de presente a Transamazônica – estrada que liga nada a parte alguma – e Lula que nos deixou a obra de transposição das águas do rio São Francisco – um rio agonizante que morrerá levando um pouco mais de gente com ele. Mas, nada importa, o que importa é a obra e, lógico, entrar para a história, nem que seja pela porta dos fundos, literalmente, como “salvador da pátria”.
A professora, sem dar maiores explicações relevantes, recuou. O MEC vai continuar mantendo essa “coisa” no modelo atual, ou seja, o do ingresso personalizado para que os “mais abastados” entrem nas universidades “públicas” e os mais “pobres” mantenham a ilusão de que pegarão vários ônibus pagando o bilhete único.
As maiores mudanças no Enem 2017 têm a ver com os pobres, Quem é “pobre” tem que provar que é pobre de verdade, para pedir isenção da taxa de inscrição, não pode mais usar a prova para concluir o ensino médio etc. Se você quer pedir isenção da taxa de inscrição, faça um teste: preencha todos os quesitos exigidos no formulário e verá o que acontece, quando chegar ao fim. Adianto: o sistema cai.
Não há qualquer medida para facilitar a vida dos menos abastados, obrigados a se encalacrar no FIES, para pagar uma “universidade particular”, iludidos de que conseguirão pagar as mensalidades no final da festa. Iludidos, porque estamos em um país que não cresce economicamente, portanto mais demite que contrata. Resultado fatal: inadimplência galopante.
Nenhuma medida para evitar que uma enormidade de candidatos do sul e sudeste invadam as universidades do norte e nordeste, para tomar as vagas dos nativos. São as disparidades de uma prova única em um país com grandes disparidades, que o INEP divulga nas suas estatísticas, e tudo bem, fica por isso mesmo, como sempre.
O Enem promete uma coisa (igualdade de oportunidades), mas entrega outra. É impossível oferecer oportunidades iguais para uma pessoa na zona rural e outras num grande centro urbano, a alunos de escola pública e de escola privada. A divulgação de dados do questionário socioeconômico mostra isso: nos cursos concorridos, só entra gente rica. Também, se pobres entrarem, não têm como se manter dentro deles. Processe os responsáveis pelo Enem por propaganda enganosa.
Querem um artifício para enganar trouxas? Diga que fará um plebiscito ou uma “consulta popular”. O MEC soltou os dados de uma “consulta popular”. O plebiscito é a melhor forma de uma democratura se fantasiar de democracia. A patuleia ensandecida acredita que tem voz. Lembram-se do grande resultado do plebiscito no governo Lula sobre o desarmamento?
Vamos à prova. Mudar a prova para dois domingos ajuda? Ajuda. Mas, não resolve os outros problemas mais graves, o do tempo exíguo para responder os testes (3 minutos em média), redigir uma redação em 1h (em média) e o do incentivo à criação de modelos para redigir essas dissertações.
o show do Enem vai continuar: a bênção da caneta, as aulas em estádios de futebol e as em shopping espalhados por esse país de botocudos, como cansou de dizer Assis Chateaubriand. Parafraseando Nelson Rodrigues, somos “A pátria dos chutes, sem precisarmos de chuteiras”. Há 180 testes ali esperando.
E por aí vai… “Tudo como dantes no quartel de Abranches”.
Prof. Luiz Cláudio Jubilato