BRASIL EM DECÚBITO DORSAL
(O BOCA DO INFERNO – 18/5/24)
Imagine duas passeatas em frente ao estádio: uma, em êxtase, porque o Brasil ganhou o jogo; a outra, em êxtase, por causa das perdas econômicas e sociais. O pau vai comer com uns acusando os outros de anti-patriotismo.
A família do Cristiano Ronaldo não vem ao Brasil: medo da violência. Platini não vem ao Brasil: medo da violência. Blatter vem para nos estuprar. Walcke vem, porque não há como não vir pra levar o seu quinhão.
Os hotéis de alto luxo estão perdendo turistas para o exotismo das favelas. O faturamento foi pro ralo ou pra coca.
Com o valor gasto em um único estádio, os ingleses construíram a Olimpíada de Londres.
Blatter e Dilma não farão discursos na abertura da Copa com medo de vaias, já ganham vaias o suficiente sem discurso nenhum.
Traficantes dos morros prometeram comemorar os gols do Brasil com tiros para cima. Não nos esqueçamos: tudo o que sobe, desce. Sempre na cabeça de alguém.
Os turistas estão muito preocupados: descobriram que bala perdida, no Rio, tem endereço certo.
O Brasil conseguiu um sucesso inusitado: obrigaram europeus e americanos a elaborarem um arsenal mais criativo de desculpas para não vir aqui para a Copa.
Todo mundo tem medo dos europeus pegarem dengue no Brasil. Imagine se pegarmos sarampo deles. Os africanos nem ligam, nem pra uma, nem pra outra. Na África esse tipo de doença é brinquedo. A doença no continente é muito pior, chama-se fome.