NÃO AGUENTO MAIS
(O BOCA DO INFERNO – 21/04/2014)
1. Gente choramingando nos meus ouvidos. Todos bradam contra a corrupção, mas só latem, não mordem ninguém. Todos arrumam todo tipo de desculpa para votar nulo ou em branco nas próximas eleições, como se morássemos na Suíça e o ritual do "lavar as mãos" os absolvesse de levar porrada quando as coisas ficarem "pretas". Como, ao longo do mandato do ocupante do Planalto, continuarão sua cruzada de berros contra os corruptos, alegarão que não têm nada a ver com isso, afinal, se entrou no deles, a culpa é do povo que não sabe votar.
2. Ouvir essa burrice de que o POVO não sabe votar. Quem se vale dessa falácia, não faz parte do povo? Tornou-se, por sua conta e risco, ET? Mudou-se para outro planeta? Ou é tão sábio, tão puro que transformou o povo numa "entidade sobrenatural" da qual, com sua soberba, não faz parte, nem quer fazer? Ou a culpa é sempre do outro? Ou não tolero a corrupção dos outros, só dou um "jeitinho" na minha?
3. Esse blablatter de que faremos a melhor Copa do Mundo da história. História de quem, cara pálida? Que a culpa desse desastre do superfaturamento dos estádios é do governo. Tudo bem, é. Mas, onde estávamos quando o Brasil se candidatou e ganhou o direito de fazer essa copa? Aplaudindo, tomando cerveja no boteco, calçando as chuteiras da pátria de chuteiras? Quer dizer que vamos às compras sem levar o dinheiro ou sem ter a mínima ideia de quanto vamos gastar?
4. Essa balela: "no meu tempo era muito, melhor". Tinha(SIC) o MOBRAL, o povo vivia melhor, o Brasil progredia e, melhor ainda, os militares salvaram nossa pátria do comunismo. Legal, mas me dê um exemplo, um exemplozinho sequer, de um país realmente comunista? E me respondam, por favor: por que os milicos pularam do barco, só quando a inflação bateu na casa dos 200%? O comandante não deve permanecer no navio e ser o último a pular, quando o navio vai a pique?
5. Esse papo furado de que a juventude de hoje é extremamente alienada. Quando eu era jovem, ouvia a mesma coisa. É mesmo? Ela não lê nada? E quem lê? Num país de dimensões continentais, durante muito tempo, a revista Caras foi recordista de vendas. A tiragem da Folha de S. Paulo, da Veja, do Estadão, de o Globo, da ISTOÉ… é ridícula, se comparada ao tamanho da população. Quer fizer que só os jovens fazem parte dessa "massa de alienados"?
6. Pagar, por um carro, mais que o dobro do que ele custa em outro país, muito menos levá-lo para fazer a revisão programada. Você já passou por isso, o preço programado jamais chega perto do preço programado, porque o mecânico precisou trocar a rebimboca da parafuseta e esse troço, pelo qual terei de esperar 15 dias úteis, para eles; inúteis, para mim, custa caro pra cacete. Pior, o carro sai com defeitos que não apresentava antes da revisão. Vendem-nos um carro quase inteiro e o outro a prestação. Compensam as poucas vendas, estuprando-nos na oficina.
7. Ver absurdos, como esse, acontecerem: comprei um Citroem. Num desses dias de calor infernal, típicos de Ribeirão, o painel do Gran Picasso começou a entortar. Levei-o à concessionária. Sabe o que o chefe da oficina me disse? Não ria, nem se mate, se você tem um. Acho bom você mudar de país. Sabe o que ele me disse? Esse carro foi construído na França e não foi adaptado para o nosso país. Não sei se rio, choro, relincho ou dou um um murro no tal sujeito. Para completar, a concessionária não sabe como consertar. É mole?
8. Saber de coisas sem noção como esta: Uma pessoa, que trabalha comigo há vinte anos e não é mentirosa, disse-me que comprou uma geladeira que já veio de fábrica com defeito. Voltou à loja para trocar por uma sem defeitos. O gerente da loja simplesmente lhe disse que mandaria um técnico para consertar. Mas, ela pagou por uma nova. Não aceitaram a devolução. Brandiram o Estatuto do Consumidor. Quer dizer que você paga por uma coisa nova, leva defeituosa e ainda é obrigado a aceitar algo com defeito, porque a fábrica não erra, só nós os "burros" consumidores?
9. A forma como somos passados para trás pelas tais "Leis de mercado". Entramos na loja para comprar um sapato, por exemplo. A pobre coitada da vendedora ouve todo tipo de argumento, mas pode dar apenas 10% de descontos. Passado o Natal, por exemplo, a liquidação avisa:50% de descontos, até em outdoors. Mesmo assim, se não vendeu, serão 70% de descontos anunciados na televisão. Entenderam a matemática da exploração? Daqui a pouco nos pagam para levar o produto. Resultado: ninguém compra nada no Natal. Deixa pra comprar na semana seguinte. Lei de mercado? É. Lei de mercado.
10. Ter de aceitar que um técnico vá até a minha casa consertar o ar condicionado, depois de dois meses de promessas e "bolos" sucessivos, e cobrar 50 reais por uma visita que dura não mais que 15 minutos. A conclusão, depois de um sorriso e um tapinha nas costas, é a de que temos de levar para a oficina. Não dá pra resolver ali. Dois três meses depois, avisa que está quase pronto. Mais 15 dias de espera, finalmente chega o tão amado ar com o mesmo problema: "Não encontramos nada, doutor". Nunca conheci um professor que ganhe 50 reais por 15 minutos de trabalho e ainda não dar conta do recado.
ESTUDEI TANTO PARA EMBURRECER. SÓ FALTA RELINCHAR. DEPOIS DESSE TEXTO, NÃO FALTA MAIS.
