PAI

Sempre poema, nunca dilema
(Luiz Cláudio Jubilato – pai)

Num belo dia de sol, minha mulher me entregou um menininho de presente que carregava os traços dela e os meus também.
Não andava nem falava, mas mandava nas nossas vidas, nas nossas noites, nos nossos momentos e na nossa casa também.
Meu mundo girava em torno dele e do dela também.

Um dia ele disse “eu te amo”. Ela o aconchegou nos meus braços, riu do meu jeito desconcertado, e, no meu amor por aquele serzinho, amadureceu sua fé.
E eu que estava de joelhos, com medo de ele cair, deixei esse medo no chão, criei coragem, me fiz mais homem, pai de verdade, e me pus de pé.

Num belo dia de sol, ela me entregou uma menininha, que sorria o tempo todo, pedindo colo para mim.
Seu sorriso carnudo e seus cabelinhos encaracolados se tornaram também parte de mim.
Cada tropeço doeu muito nela, mas doeu muito mais em mim.
Um beijinho dela fazia parar o tempo, para todas as vozes do mundo cantarem por mim.

Juntos eles são a nossa força e também a nossa fraqueza.
Juntos eles são nossas limitações, medos, mas aguçam nossa destreza.
São a melhor parte do nosso mundo, perto deles ou com eles no colo não conhecemos tristeza.

Nós os parimos para serem cidadãos desse mundo tão duro.
Terão nossa força, farão sua caminhada, construirão de cabeça erguida o seu futuro.
Cada um educará seu filho e colherá suas vitórias e derrotas, como se colhe um fruto maduro.

Ainda pequeninos, fazem xixi e cocô na nossa roupa e, mesmo assim, nós os amamos. Eles mandam na nossa casa, sujam nossa cama e, mesmo assim, entre risos e brincadeiras, nós os adoramos.

Pais, vivemos o orgulho de ver nos nossos filhos os nossos traços, nos aconchegamos acalentados nos seus deliciosos beijos, carinhos e abraços.

Cada filho levará, nas suas atitudes, a educação que a nossa casa lhe dá.
Carregará pela vida inteira e legará aos seus filhos nossa força, lutas, ideais, inteligência, o nosso DNA.

Evoé cada pai nesse dia de sol.
Mesmo que chova, sempre será sol.
Cada olhar do nosso filho nos aquecerá pela vida ainda mais que o sol.
Cada incerteza dele, será nossa certeza de que, se hoje existe noite, amanhã virá o sol.
Filho, como o milho, nos alimenta, um dia nos traz a luz da lua, no outro dia, a luz do sol.

Para sempre pais, para sempre mais, para sempre raiz, para sempre força motriz. Nunca surdo, nunca mudo, sempre tudo.
Um dia levanta, um dia cai, um dia é filho, noutro dia é pai. A roda da vida gira, assim é, assim será. Num dia, terá os pés no solo, no outro voará. Assim gira a roda vida, existe para ser vivida. Pai é segurança, é ser humano, não é ferida, é sustento para o corpo e a alma, é comida.

 quinta-feira, 27 de setembro de 2018