Estamos perdidos
(O Boca do Inferno a bordo de uma impressão digital, sentindo-se tosco como um animal, acossado por uma conduta imoral. Essa eleição está dura, dura de amargar, vou arrastado por indecisões em um dedo polegar. A urna, pior que navio negreiro, virou navio tumbeiro)
. Um candidato está preso, acusado de corrupção.
. Seu vice é acusado de enriquecimento ilícito: corrupção.
. Outro é acusado de superfaturar obras do metrô: corrupção.
. Outro candidato é acusado de racismo e sexismo: corrupção.
. Seus vices o abandonaram, nenhum o queria presidente não.
. Todos eles devem à justiça o seu quinhão da corrupção.
. Um é assecla dos bancos, é tarado por privatização.
. Outro é tarado por bancos: privatizou até a privatização.
. A outra é sequer acusada, ainda não foi digna de acusação.
. O outro é boquirroto, acusa de despreparada até a acusação.
. Quem não xinga na internet, mal sabe em quem votar.
. Já o Brasil está parado e sabemos onde vai parar.
. Jajá o Brasil cansado, faminto, atado, não consegue andar.
. Ninguém sabe o que é direita, esquerda, centro esquerda, centro direita, extrema esquerda, extrema direita, centrão: todo mundo está misturado no mesmo caldeirão.
. Zangado, dengosa, mestre, atchim, Soneca, Dunga, Feliz se misturam nessa mesma confusão.
. Todo candidato tem, para nos salvar, a varinha de condão.
. Engraçado, presidente leva porrada de todos os lados, ganha mal, dorme mal, mas isso deve “sê” bom, todo mundo “qué” “sê”. O cãodidato gasta um dinheirão pra se “elegê”. Na verdade, “qué” mesmo é o “pudê” para nos “fudê”, mas isso também deve ser bom. Deve “sê” bom, penetrar por decreto nas nádegas da população.
. Depois de um certo tempo, como todo canastrão, o presidente demente intransigente, inconsequente, maledicente, incompetente desmente tudo depois da eleição. Luta como um doido para não “morrê” agarrado ao “pudê”, alegando que não sabe, não ouve, não vê, até “aparecê” com a cueca suja, em horário pobre, em frente à TV..
. O novo neste pais é tão velho, que voltaremos a andar de tanga, o presidente vai virar pajé, ao invés de comermos arroz com feijão, chuparemos manga e de pé.
. Nossa certeza sempre será a incerteza, afogados que estamos nesta zona total, onde o sonho é ter o capital na capital.
. Alguém já teve a coragem de mostrar ao senhor candidato metido a preocupado com a educação dessa colônia, onde fica mesmo a tal da Amazônia?
. E assim a banda toca numa mesmice inquietante.
. E assim a campanha política vai neste lenga lenga irritante.