O assustador na vida de um vestibulando

Fiquei na dúvida se deveria escrever esse artigo agora ou se deveria deixar para o meio do semestre, pois não gostaria de despertar a curiosidade de alguns alunos para o fato, contudo percebi que a “coisa” vem se alastrando de tal forma, que agora é a hora adequada.Diante dos fatos, achei-me na obrigação de redigir esse artigo imediatamente.

Quero me dirigir aos pais, em geral, aos vestibulandos do cursinho, em particular, para os perigos de certos modismos. No site do www.cursocriar.com, publiquei uma cartilha com instruções de profissionais especialistas para auxiliar vestibulandos a construir uma vida saudável e lidar com tanta pressão neste ano.

Na hora prova do vestibular, um aluno “mimado” ou “desesperado” não tem como gritar para pedir ajuda ao pai ou à mãe. É o momento em que tem que resolver o problema sozinho. Daí, a insegurança: como fazer, se não está acostumado a fazer, o pai e mãe resolvem tudo?

Já presenciei uma série de “modismos” durante tanto tempo de orientação de alunos e professor: uso de florais e de guaraná em pó de forma indiscriminada, beber chá verde ou chá preto para se manterem acordados…

Nesses últimos dois, três anos, estamos vivendo a “pandemia” do imediatismo, que acomete pais e filhos: melhor entrar em qualquer faculdade do que fazer um ano de cursinho.

Alunos, principalmente os que prestarão medicina, correm atrás de qualquer faculdade. Quanto mais fácil for o exame, melhor. Os senhores já pensaram sobre que tipo de profissional terá que enfrentar em um hospital futuramente?

Falo isso, porque a moda de consumir “modelos pré-fabricados para redigir uma de redação” já foi cantado em verso e prosa por grandes jornais, como a Folha de São Paulo, sites e tevês. Há milhares espalhados pelo país. O que pode parecer facilidade, pode não vir a ser no futuro. Há modelos prontos para redigir as provas nas faculdades? Se houver, pergunto novamente: já pensaram sobre que tipo de profissional terá que enfrentar em um hospital?

Mas, a função primordial desse texto não é essa. Venho alertar para uma verdadeira praga, a “epidemia” do uso da Ritalina nos dias das provas, com a intenção de “turbinar” o raciocínio e, pior, sem a adequada receita médica.

Atendo alunos estressados, que não conseguem dormir, mas se esqueceram de que tomaram doses cavalares de café durante o dia. Alunos, que não redigiram um texto durante o ano, mas querem o “milagre” na hora da prova. Alunos, que não estudaram nada durante o ano, mas se dizem “estressados”, para usarem o estresse como desculpa para uma possível futura reprovação. Alunos, que agora encontraram a fórmula mágica (a Ritalina), por isso abdicam de estudar. Cuidado.

Por Luiz Cláudio Jubilato. Educador e diretor do Criar Redação. Professor e especialista em Língua Portuguesa e especialista em vestibulares. criarvest@uol.com.br

 quinta-feira, 23 de março de 2017