LINCHAMENTO FÍSICO E LINCHAMENTO MORAL

(O BOCA DO INFERNO – PUNIÇÃO SIM; LINCHAMENTO NÃO)

Senhoras e senhores: ABAIXO A HIPOCRISIA

No Brasil impera o absurdo dos absurdos. Quem comete um crime tem a cara exposta em todo e qualquer veículo de comunicação existente: sadismo ou tesão atávico pela vitimização? Vai ostentar, para o resto da vida, a pecha de criminoso. Mas, a justiça não grita para a sociedade que se deve dar sempre uma segunda chance ao criminoso? Que ele deve ser ressocializado? Daqui, para frente, a cara da moça será exposta em toda matéria retrô. Crime, desastre, desgraça, tudo isso junto joga a audiência para as alturas. Ela não tem escapatória. Carregará o carimbo na testa: criminosa. E é criminosa, segundo a Lei Afonso Arinos. E, se for linchada, quem será o criminoso? O que matou, estripou ou a imprensa que armou sua mão? Fez uma lavagem…
Quem comete uma boa ação, aparece, quando muito, no final de um telejornal, para amenizar a notícia de uma tragédia ou dá um depoimento choroso em algum programa de conteúdo duvidoso. Arrancar lágrimas de “emotivos” telespectadores faz a audiência decolar. E é só. Morreu tão rápida quanto nasceu. Não há Lei para levá-la aos píncaros da glória. Se for esquecida? E seus 15 minutos de fama?
Em todos os jornais, revistas e telejornais, a cara da moça, com a boca fechando e abrindo, gritando e agredindo, seus perdigotos acumulando-se, está pornograficamente estampada e escarrada: Primeira página. A cara, riscada de azul e branco, não a deixa mentir: é gremista, sim. E não nega. Disse que entrou na “pilha da torcida”. (distorcida, então?) Mentira, ou melhor, subterfúgio. “Lágrimas de crocodilo”. Medo do linchamento. O físico ou o moral? Ou ambos?
A própria direção do clube não o nega. Era sócia do clube, sim. E boa parte das torcidas desorganizadas é “racista”, sim. Porém, e os que fingem que não o são e tentaram reprimir os raivosos gritos dos “racistas” descarados? Eles não contam? Sempre me pergunto: os que se mostram são mais autênticos? Os enrustidos, porque não os identificamos, não? Eles jamais estarão na primeira página a não ser quando posam de heróis e tiram uma lasquinha na desgraça alheia.
Fábio koff, descaradamente um gozador, disse que o Grêmio se sente feliz ao ser punido, se o acontecido fez acabar o preconceito racial no Brasil. O Grêmio ajoelhará no milho. Quando soube dos milhões que perderia, colocou seu departamento jurídico na linha de frente para salvar o clube. O Grêmio anda mal das pernas. Calou-se daí para frente. Racista ou hipócrita? Afinal, ninguém joga milhões pela janela por causa de um “negro fedido que inventou o fato só para fazer cera, pois o Santos ganhava a partida, disse outro dirigente.
Para que todos constatemos o que já está pisado e repisado: somos um país discriminatório (“Racismo” é um conceito errôneo. A biologia o esclarece). Mas, não vimos aqui para discutir biologia, mas hipocrisia.
A moça não estava sozinha aos gritos de “macaco fedorento”. Essa não foi nem a primeira nem a segunda vez. É fato corrente. O que me deixa mais indignado é a frase xerocada do senso comum pelo agora famoso Aranha: “Somos todos iguais”. Iguais um pinóia. Então, ele e o Eike Batista têm as mesmas oportunidades e são recebidos nos mesmos lugares com as mesmas regalias?Ele sua empregada doméstica correm atrás dos mesmos objetivos, moram em casas semelhantes, não têm problemas com a falta de dinheiro? Iguais o cacete.
“Racismo” antes de ser um crime, é uma vergonha, mas discriminação social, antes de ser uma vergonha, é um crime de lesa pátria e o bom senso. O brasileiro sempre foi conhecido como “racista cordial”. Esse é o pior tipo de racista, o que se esconde atrás de qualquer ato cotidiano, de uma piadinha, de meias palavras, meias verdades… Antes da discriminação racial, aqui vem a discriminação social, a sexual, a étnica… Eh! Brasil…

 sexta-feira, 05 de setembro de 2014