ENGRAÇADO

(O BOCA DO INFERNO – 3/7/14)

Um jornalista pergunta, um repórter pergunta, uma apresentadora pergunta. Super adorei as perguntas, disse o crítico acrítico, naquele português de beira de página de revistas de fofocas, afinal é mega cult conhecer babados do futebol, em tempos de Copa do mundo deles no nosso mundo brega, sorrateiro, enganador, enganador, prostituído, prostituidor.
A pergunta mega super inteligente repetida até o final dos séculos dos séculos da entrevista, amém, foi: “Você está bem, depois daquela pancada daquele chileno desembestado, abestalhado, perna de pau?”

O crítico dos críticos, digo “analfaneto” de críticos, criticou: “Isso é que é pergunta besta. O cara só tem 22 anos, levou um tostãozinho a toa na coxa. É uma dor danada na hora. Depois passa. Ora, se passa! Ainda mais que o cara ficou um dia inteiro descansando, levou aquela massagenzinha da namoradinha gostosa, ganha uma grana preta. Se ele não melhorou, manda internar. Se ainda assim não melhorar, manda enterrar, pô”.

O salvador irritadiço, com aquele sorriso engessado de quem está ali escalado espontaneamente, pinta de galo de briga e cabelo igual às penas de uma cacatua, responde o que todo o mundo que mexe com futebol hoje diz sem se mexer: “Tô bem, motivado. Não viemos (SIC) aqui pra dar espetáculo, viemos (SIC) para ganhar”. Agora, trepando na filosofia de parreira, com cara de marreco: “Nem que seja por meio a zero”. Trepou, comeu, se lambusou e gostou. Tanto que se afogou.

Zé Galo (mais para galinha), InfelizPão (mais para Sancho Pança), Parreira (mais para bananeira), Muricy (mais para muriçoca) são adeptos da mesma “filosofia?”: a gente não tem que dar espetáculo. Quem quiser ver espetáculo, que compre uma entrada para o cinema ou para ir ao teatro municipal. Valha-me São Telê!

Quer dizer que eu, um babaca metido a contorcedor, compro uma entrada para ver um jogo, sujeito a levar na cara um saco de mijo ou um foguete, tomar porrada da torcida do outro time ou do meu, ser assaltado pelo trombadinha ou pela lanchonete do estádio ou pelo vendedor de pipoca ou pela polícia e não tenho direito de ver um mero, mísero “espetaculozinho”? Bem “inho” mesmo? Zero a Zero, meio a meio, é de doer!!!…

Puta que o pariu. Ouvi de novo a mesma patacoada dos “professores”: “Vamos entrar respeitando o adversário, eles têm um bom time, mas sabemos o que temos de fazer para ganhar”. E por que, na hora H, não fazem? É sempre mesma história: “Primeiro, vamos não perder e, se der, vamos ganhar”. “Não queremos, primeiro, tomar o gol, depois vamos tentar fazer? É mesmo? Ah! Jura? Que inteligência desgraçada. Então, quem perde sou eu e os idiotas que pagamos ingresso, sofremos torcendo pra esses idiotas? Faça chuva, faça sol?

Porra. Você acha que acabou? Não acabou, não. Tem mais besteiras. Todos eles dizem a mesma coisa: “Vamos jogar atrás da linha da bola e depois sair no contra-ataque”. Tá! Se todo mundo joga no contra ataque, quem é que joga no ataque? A bola vai ter crise de solidão no meio de campo. Daqui a pouco, vão arrumar um goleiro chutando pra outro, enquanto os jogadores vão jogar atrás da linha do Equador.

 sexta-feira, 04 de julho de 2014