VOCÊ PULOU DO DÉCIMO SEXTO ANDAR
(O BOCA DO INFERNO – 6/3/2013)
Quem pula do décimo sexto andar, tem de saber exatamente aonde quer chegar. Há escolha. Salto no vazio. Arrasta uma parte de todos consigo. É previsível. Voo solitário. Só você pode, ninguém pode fazê-lo. Só você. A vida não perdoa, cobra o preço. Quando passar pelo terceiro andar, o arrependimento de nada adiantará. Olhará para baixo, mais quatro andares. E bummm!!! O chão. Querendo ou não, pedaços de você inundam o mundo. A mais ignóbil forma de autodestruição.
O terremoto pega todos de surpresa. Não há escolha. Arrasta tudo consigo. É previsível. O mundo treme. A vida treme. Agarrar-se a qualquer parede não adianta. Tudo cai. Escombros. Se nada caiu sobre você ainda, corra, corra, não olhe para trás. O perigo ronda. Querendo ou não, dos gritos, choros e gemidos não escapará. A mais pura destruição.
O tsunami ataca, onda vil, mortal. Não há escolha. É previsível. Arrasta todos consigo. É filha legítima de um terremoto. Nasce no fundo do mar. Uma sirene avisa. Há para onde correr? Onde se agarrar à vida? Sobreviver? O estômago da terra vira, revira, desvira. Subir numa árvore não adianta, a raiz não suportará. Escombros. A mais pura destruição.
Chegou à boca da urna. Inteligência manca. Inteligência aleijada. Não olhou nada: o passado não muda, o presente assombra, o futuro pouco interessa, pois atribuiremos nosso fracasso a alguém. Você saltou no vazio. Saltou do décimo sexto andar. A queda irreversível. É previsível. Não adianta. Não há no que segurar. São mais quatro anos. Sua vida sofrerá as consequências com as mentes trancafiadas e ideais mortos espalhados diante do medo.
Um terremoto político vem sendo gestado dia a dia, suborno a suborno, manipulação a manipulação, sessão a sessão, nas entranhas da câmara, do senado, da presidência. Calará as poucas vozes dissonantes. Censura. As resistências serão arrastadas. Censura. As pouquíssimas consciências serão caladas. Censura. Tapas na cara e na boca. Vergonha? Nenhuma. Não há democracia na qual se segurar. Ela não suportará.
Um tsunami econômico vem chegando. A crise silenciosa. Na cara das pessoas, nas placas dos estabelecimentos (Aluga-se, Vende-se, Fechado) nos juros escorchantes, na alta da inflação, nos rostos contraídos, nas rugas de preocupação. Aflição. Bolhas explodem o tempo todo. Não adianta agarra-se aos discursos “bola de sabão”. É previsível. A crise arrasta tudo, pessoas, planejamentos. Não há aplicações financeiras nas quais se segurar. Quanto dinheiro transita pelo mundo, você saberia contar? Alguém sabe. E sabe como utilizar.
Suicídio: o silêncio complacente, a atitude conivente, cada voto inconsequente;
Terremoto: silenciosa, mas constante destruição da crítica, método criado no ventre da dominação;
Tsunami: a economia mundial em frangalhos, nosso país muito pior (1929 parecerá brincadeira diante da especulação, da destruição).
Do décimo sexto andar andar até o chão não dá tempo nem de pensar. Escalar quatro para depois pular, é preciso ter certeza de que é isso mesmo que quer.