Café Filosófico com Nelson Jacintho
Conversa de médicos, escritores e advogados
Na noite do dia 28 de agosto, o auditório do Centro Cultural Palace em Ribeirão Preto, ganhou vida com frases poéticas, discursos sonoros e muita história que envolveu médicos e amantes da poesia e literatura, durante o Café Filosófico com o médico e escritor Nelson Jacintho. Ele, que narrou ao público sua experiência com as duas carreiras, garantiu que não sabe ao certo se atuou primeiro como médico ou escritor. O encontro faz parte da programação da Mostra de Língua Portuguesa.
Para Jacintho, apesar das duas carreiras serem distintas, há muita similaridade entre elas, bem como algumas contradições – que na ótica dele, ainda assim são importantes, pois são complementares. “O médico trabalha com a ciência. É objetivo, procura a verdade. Já o escritor trabalha com sonhos, aspirações. Só que ambos têm que ser bons observadores, bons estudiosos e bons leitores”, explica Jacintho.
Para ele, uma condição é muito importante para o poeta : saber penetrar na alma humana, critério também muito próximo à postura do médico, que tem que entender do que se passa não só no organismo do paciente, mas com relação a seus sentimentos. “Sou centrado em cada coisa que faço. Quando estou no consultório estou focado para preparar diagnósticos, prescrever medicamentos certos e curar meus pacientes. Já quando estou poeta – quase sempre em meu escritório nas madrugadas – penso em outras coisas, me desligo do mundo. Hoje, acredito que um médico escritor fica uma pessoa melhor”, diz.
O convidado teve seu bate papo mediado pelos advogados, Rodrigo Rigo Pinheiro e Gabriel Magalhães Borges Prata (ex-aluno do Criar). Os dois hoje atuam na área tributária do Escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia e iniciaram sua produção literária no ano passado em uma única obra – o livro “Um Olhar no Espelho”, durante a 7ª Feira Nacional do Livro. Os advogados foram convidados por conta desta vivência semelhante que possuem com a sincronia das duas carreiras. Os dois analisaram com Nelson Jacintho e o público o que de fato move a alma do poeta escritor.
Médico ortopedista e traumatologista, Nelson Jacintho contou que começou cedo sua carreira de escritor. Quando ainda freqüentava o ginásio em Barretos, sua cidade natal, ele já coordenava a edição de um jornal. Hoje, Jacintho é presidente da Academia Ribeirãopretana de Letras, função que assumiu há dois meses.
No café, Jacintho contou que a constatação de que há interligação entre as duas carreiras o motivou a fundar o Grupo de Médicos Escritores, do qual faz parte. “Há muitos médicos em Ribeirão que são escritores e uma vez por mês, nos reunimos para ler crônicas, poemas e comer uma pizza”, brincou.
Sobre o tema do café filosófico, comentou: “achei a idéia espetacular porque o médico, apesar de estar sempre na boca do povo, fica sempre escondido. Ser médico e escritor é uma oportunidade de mostrar um outro lado a todos”.
À frente da Academia Ribeirãopretana de Letras, o escritor colocou para a platéia o desafio de divulgar a sua atuação. “Queremos mostrar que existe uma Academia de Letras em Ribeirão Preto”, afirma. Para isso, a entidade tem percorrido escolas, fazendo palestras e ajudando na difusão cultural. Com sete livros já publicados, ele teve uma de suas obras – Contos e Crônicas do Campo e da Cidade – distribuída para todas as escolas de nível fundamental da rede pública do Estado de São Paulo. Ele também participou de uma antologia o livro “Timor Leste” que foi encaminhado ao povo daquele País para angariar fundos durantes a guerra – este livro hoje é usado nas escolas de Timor Leste.
Mostra
Os cafés filosóficos e oficinas acontecem sempre a partir das 19h30, nos dias 02, 04, 09 e 11 de setembro. A programação completa está nos sites www.cursocriar.com e www.ribeiraopretosp.gov.br. A entrada para os cafés filosóficos deve ser retirada gratuitamente na secretaria do Criar – Rua Lafaiete, 939. (Tel 16 3610 2417). As vagas são limitadas.
A Mostra de Língua Portuguesa é uma realização em parceria da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, por meio das Secretarias da Cultura, Educação e Instituto do Livro, e do Criar – Sistema de Ensino de Língua Portuguesa. Conta com o apoio do Pró-Ler Regional, Instituto Camões do Brasil, Fundação Dom Pedro II, Fundação Feira do Livro, Conselho Municipal de Cultura, São Paulo Film Comission, Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP), Museu da Imagem e do Som (MIS), Curso de Letras da Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto, Stream Hotelaria e Gastronomia, Academia Ribeirãopretana de Letras e Grupo de Médicos Escritores.
A mostra tem entrada gratuita e estará aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 17h00 e sábados e domingos, das 10h00 às 13h00.