Médico fala sobre diferença entre os sexos em palestra no Criar
As famosas diferenças entre homens e mulheres são motivos de brincadeiras, piadas, temas de livros e até fontes de pesquisas científicas. Há estudos que buscam a origem de tantos pontos divergentes desde as características físicas, força, humor e até comportamento. Pesquisas provam que existem de fato circuitos cerebrais distintos entre os sexos. Para discutir as várias vertentes do assunto e proporcionar um debate reflexivo entre alunos do Criar, o médico ginecologista e professor da UFSCar, Rodolfo Pacagnella, participou da Semana Especial para o Enem 2012, promovida pelo Criar – Língua Portuguesa e Redação,em Ribeirão Preto. Ele abordou o o tema “O buraco é mais embaixo: o que há de diferente entre homens e mulheres?”, no dia 30 de outubro.
O objetivo da palestra foi mostrar as principais diferenças entre homens e mulheres, tanto nos aspectos biológicos quanto comportamentais.
No início, o professor propôs uma dinâmica e dividiu alunos e alunas na sala. Durante a atividade, um aluno de cada grupo desenhou na lousa uma característica referente ao sexo oposto, enquanto o restante da sala tentava adivinhar esta característica. “A brincadeira foi feita para mostrar que existem características que são claramente distintas pela Biologia entre homens e mulheres, enquanto outras características não, como as comportamentais”, mostrou o professor.
Após o exercício, Rodolfo apresentou as diferenças que ocorrem entre homens e mulheres, desde a formação embrionária, o crescimento, a puberdade, a fase adulta, o desenvolvimento sexual e fez observações relacionadas à estrutura hormonal de cada um, entre outros aspectos biológicos e fisiológicos.
Além desta análise, o palestrante trouxe a discussão sobre as diferenças, que, segundo ele, são circunstâncias da sociedade, reflexos culturais e também temporais. Ele sinalizou a predominância do homem como sexo privilegiado e a submissão histórica da mulher na maioria dos povos, fazendo uma comparação desta desigualdade presente até nos idiomas. “Na Língua Portuguesa, por exemplo, o gênero masculino fica em evidência em muitas regras gramaticais, como na concordância nominal e verbal, ou seja, até as regras do nosso idioma privilegiam o masculino”, citou. Ele também lembrou o termo humanidade que é comumente referenciado na figura do homem e não da mulher ou ao menos de forma neutra, como acontece em idiomas como no alemão.
No fechamento da palestra, Rodolfo esclareceu que diferentemente do que ocorre na Biologia, as diferenças entre os sexos foram propagadas pela sociedade através dos tempos e foram criadas, principalmente pelos homens. “O que percebemos analisando as sociedades em vários localidades do mundo é que ainda existe uma valorização do sexo masculino em detrimento do feminino”.
O palestrante enfatizou que valores como a força e a supremacia masculina estão presentes nos discursos e nos comportamentos, o que, na opinião dele, coloca a mulher em posição desfavorável em diversas situações, tais como no mercado de trabalho e nos relacionamentos afetivos, gerando uma disputa entre os sexos, que pode parecer clichê nos argumentos de uma Redação, por exemplo, mas de fato, constituem historicamente uma verdadeira guerra dos sexos.
Criar Língua Portuguesa e Redação