Livros esquecidos surpreendem população

Projeto ganhou mais parceiros neste ano e chamou a atenção de pessoas de Ribeirão Preto e de Rio Claro. Os livros foram deixados em praças, bibliotecas, cafeterias, parques públicos, rodoviária, entre outros locais. Objetivo foi fazer um convite coletivo à leitura


Livros esquecidos surpreendem população
  • quinta-feira, 26 de abril de 2012

Livros deixados propositalmente em bancos de praças, parques, lanchonetes e outros espaços. A cena se repetiu várias vezes nesta semana, desde a última segunda-feira (23), em Ribeirão Preto e Rio Claro, interior de São Paulo. Houve todo tipo de reação da população. Alguns, surpresos, olharam para trás, para os lados e foram embora sem pegar o livro, mas com jeito de curiosos. Outros não tiveram dúvida: pegaram o exemplar na mesma hora e levaram para ler. Houve até quem não percebeu nada, por conta da pressa. Mas quem participou aprovou mais esta iniciativa do Criar Sistema de Ensino de Língua Portuguesa: o projeto Criar Leitores.

A dona de casa, Ana Xavier, foi uma das participantes que saiu da Praça XV com um livro nas mãos. Ela disse em bom tom que adora ler. “Vou ler este aqui e depois devolvê-lo em alguma outra praça ou então oferecê-lo para alguma amiga”, garantiu. Segundo Ana, a campanha é muito boa, pois instiga quem não gosta de ler. “Sentar no banco e encontrar um livrinho destes é um convite para a leitura”.

A ação principal centrou-se na distribuição gratuita dos livros pela cidade. Mas não foi uma distribuição tradicional – em mãos. Eles foram colocados como se tivessem sido esquecidos nos locais. Os pontos oficiais de troca e coleta também foram abastecidos pela equipe do Criar.

O projeto procurou atingir todas as idades, pois entre o volume distribuído foram encontradas obras literárias que atendem a gostos variados e diferentes faixas etárias. “Queremos contribuir para que o livro esteja mais acessível às pessoas, em todos os aspectos; para que seja uma opção de lazer e passatempo alternativa aos jogos eletrônicos e redes sociais, estimulando o gosto pela leitura”, explica a coordenadora da campanha, Daniela Lui, gerente de marketing do Criar.

A senhora Jacira da Cruz Pereira, moradora de Araraquara, que estava em Ribeirão Preto no Dia do Livro, comemorado no mesmo dia do lançamento da campanha (23/04), também levou uma obra para casa. “Achei a ação maravilhosa, porque a gente passa umas horas lendo e se distrai muito”. A dona de casa disse que a campanha a fez  enxergar o livro com outros olhos. “Foi bom, porque faz a gente lembrar que o livro foi feito para se ler e não para enfeitar a estante”, expressa.

Como participar

Quem ainda encontrar um livro do projeto Criar Leitores pode levá-lo para casa – mas o compromisso de passá-lo para frente é o que garante a corrente do projeto. Para identificar os exemplares do projeto, basta verificar se eles têm uma etiqueta com as explicações da campanha. O adesivo informa as características do projeto e traz a mensagem de “proibida a venda do exemplar”. A intenção é que o participante leia e depois devolva o livro em um dos pontos de troca ou local público.

O Criar Leitores foi desenvolvido segundo um modelo europeu de circulação de livros, no qual não há nenhum objetivo comercial. Nas edições anteriores, a ação distribuiu cerca de 500 livros gratuitamente, em locais de grande circulação.  Neste ano, o volume total foi de 450 livros.

Endereços pontos de troca para edição de 2012

Criar Ribeirão Preto – Rua Lafaiete, 939, Centro.

Oficina Cultural Candido Portinari – Rua Visconde de Inhaúma, 490, 1º andar, Centro.

Instituto do Livro de Ribeirão Preto – Casa da Cultura – Morro Alto do São Bento, s/n, Jardim Mosteiro.

Biblioteca Padre Euclides – Rua Visconde de Inhaúma, 490, 1º andar – Centro.

Projeto ganha a estrada

A franquia do Criar de Rio Claro (SP) aderiu ao Projeto Criar Leitores neste Dia Mundial do Livro. Lá foram distribuídos 130 exemplares. Foi a primeira vez que a franquia participou da ação. “Estes livros foram doações do Centro Literário de Rio Claro e da própria população”, explica a coordenadora pedagógica da escola, Patrícia Cury.

Em Rio Claro, a campanha circulou por praças, no Shopping Boulevard dos Jardins e nas estações de ônibus. Além do Centro Literário, a franquia teve também a parceria do Jornal Cidade e Gabinete da Leitura.

Para Patrícia, este tipo de ação é fundamental, já que há uma carência cultural e até certo desinteresse pela leitura. “Incentivar a leitura e tornar acessível a cultura pode ser um começo de inserção social”. A diretora vai mais longe e diz que “a leitura liberta, conscientiza, faz crítico o cidadão”, conclui.