Bate-Papo discute poder da leitura
Professor Luiz Cláudio Jubilato fala sobre leitura e faz pré- lançamento da Campanha Criar Leitores, que começa a circular em Ribeirão Preto, a partir de 26/04.
Ler para quê? Para viver. Essa foi uma das respostas do professor de Língua Portuguesa e Redação, Luiz Cláudio Jubilato, durante um bate-papo, na Fnac, no RibeirãoShopping, na segunda-feira (18) sobre o tema: “Como a leitura pode mudar a sua vida”.
Para Jubilato, que começou sua experiência com os livros ainda menino, a primeira obra que mudou sua vida foi A idade da razão, de Jean-Paul Sartre. O livro chegou até ele, emprestado por um amigo, ainda na oitava série. “Com essa leitura, meus sonhos mudaram de patamar”.
Depois dessa obra, o professor já perdeu a conta dos tantos títulos que coleciona na memória, mas se diz um verdadeiro possuidor dos livros. “Poucas pessoas conhecem o prazer de possuir um livro, de poder manuseá-lo a qualquer hora, sem pedir licença a ninguém”. O prazer da leitura o fez aventurar-se por uma série de livros que mudaram seus pensamentos.
No início, leu diversos autores como Herman Hesse, Gibran Kalil Gibran, Simone de Beauvoir e comentou que depois A metamorfose e O processo, de Kafka foram obras que mudaram sua forma de pensar. “Foi por esse tempo que me apaixonei pelo teatro e decidi virar ator, diretor, escritor. Só bem mais tarde me convenci a ser professor”.
Durante a conversa, o professor disse ao público que a leitura foi mudando sua vida e até definiu seus passos profissionais. “A leitura propicia autoconhecimento. É um verdadeiro mergulho na alma das pessoas”, comentou.
A lista dos livros preferidos do palestrante é extensa, mas tem lugares cativos para escritores como Virgínia Wolf, Bernard Shaw, Oscar Wilde, Ionescu, Adonias Filho, Machado de Assis, João Guimarães Rosa, José Saramago, Gabriel Garcia Marques – com preferência nítida para os seus Cem anos de solidão, entre vários outros. “Jamais consumi tanta poesia de uma só vez. Por isso já li esse livro várias vezes”. Mas, quando o assunto é poesia, ele disse não ter dúvidas e elege como campeão o poeta português Fernando Pessoa: “Não há nada como pessoa na literatura universal. Como pode haver tantas pessoas de uma só. O poeta multidão”.
Luiz Cláudio Jubilato fez uma referência a um dos maiores leitores brasileiros, o bibliófilo José Mindlin e lembrou que num encontro que teve com Mindlin, em um congresso da Unicamp, teve a oportunidade de ouvi-lo dizer que “não era ele que lia os livros e sim os livros que o liam e o iam descobrindo”.
Segundo o professor, o Brasil ainda precisa avançar muito no que se refere à formação de leitores. Atualmente, a média de livros lidos pelo brasileiro de classe média é de 6 obras ao ano, enquanto, em países como os EUA, esse número chega a 34 livros/ano. “Nosso mundo é feito de palavras. Lendo-o, adquirimos a capacidade de entendê-lo melhor e nos explicarmos melhor”.
O professor avaliou que a leitura deve fazer parte da vida das pessoas, pois, na opinião dele, ela resgata a humanização – tão necessária nos dias de hoje. “As pessoas estão ficando desumanizadas, a leitura pode mudar isso”, completa.
Para quem ainda não começou, Jubilato recomenda que é preciso dar o primeiro passo e só assim passar a sentir gosto pelo hábito de ler, mas alertou: “O ato de ler é um ato solitário, mas, quem lê, nunca está sozinho, ganha a companhia dos personagens diversos”, disse. O professor também indica que a leitura seja refeita, em diferentes fases da vida. “De um tempo para outro, nossos valores e nossa visão mudam e a leitura ganha outro sabor”, finaliza.
Campanha Criar Leitores
O Bate-papo realizado nesta semana fez um pré-lançamento da campanha Criar Leitores, que tem início no próximo dia 26 de abril. A proposta é surpreender as pessoas com uma distribuição de livros de vários estilos e autores, que serão deixados propositalmente, como se estivessem sido esquecidos, em diversos locais públicos.
A campanha Criar Leitores é uma realização do Criar Sistema de Ensino de Língua Portuguesa, com apoio do Instituto do Livro, Oficina Cultura Cândido Portinari e Fnac. Os postos de troca da campanha ficam no Criar Ribeirão Preto, Rua Lafaiete, 939; na sede da Oficina Cultural Cândido Portinari, Rua Visconde de Inhaúma, 490, 1º andar e no Instituto do Livro de Ribeirão Preto – Casa da Cultura, no Morro Alto do São Bento, s/n, Jardim Mosteiro.