Senhor Ministro da Saúde,
Sou moradora do município de Franca, SP e, por meio desta carta, venho relatar-lhe sobre o problema o qual, acomete não só a minha comunidade, mas sim grande parte do Brasil: a questão da medicalização de situações comuns. É claro, ministro, que a medicina e a farmácia tiveram um avanço fenomenal nos últimos tempos. Um grande exemplo desse desenvolvimento está na invenção das anestesias, as quais permitiram a melhor realização de cirurgias. Porém, entramos em um momento em que se criou a necessidade de aniquilar todos os defeitos dos seres humanos, o que nos leva a uma era de supermedicalização.
Ministro, é do conhecimento da maioria a frase "ninguém é perfeito" e, por mais clichê que seja essa constatação, nos dias de hoje, tenta-se revertê-la cada vez mais. Atualmente, o esforço para criar "pessoas bailarinas" (sem pereba, marca de bichinho ou de vacina) é enorme e, devido a isso, surge a medicalização excessiva. Ela nada mais é que a tentativa de aniquilar características humanas consideradas inadequadas. Tal situação pode criar um exagero de medicamentos e, com ele, prejuízos aos indivíduos. O senhor, o qual é capacitado para cuidar da saúde em nosso país, deve tomar providências e acabar com essa erradicação de características comuns, consideradas defeitos.
Dessa forma, o Ministério da Saúde deve realizar uma campanha que não apenas conscientize, mas que realmente mude a ação das pessoas em relação a essas marcas indesejadas. Deve-se ensinar que a aceitação e o não - julgamento são caminhos melhores que a intoxicação do organismo por medicamentos. Afinal, o que é um leve desconforto trazido por esses "defeitos" se comparado aos enormes prejuízos à saúde causados pela supermedicação? Do mesmo modo que os românticos brasileiros idealizavam o índio, hoje imagina-se o ser humano como algo perfeito, e isso deve acabar rapidamente.