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Laura Lima
Criar Ribeirão Preto

Sobre familiarizar-se: entre a naturalização, agressividade e psicológico

Juan Arias, em seu texto publicado no jornal "El País", defende a ideia de que crianças não devem familiarizar-se com a violência para poder administrá-la quando adultas. Segundo o escritor, elas já recebem doses de sobra de violência diária, para que seja preciso acrescentar-lhes mais violência. De fato, ter ciência de que a violência existe e porque existe é necessário, mas como Arias mesmo argumenta, o cotidiano da criança se encarrega disso. Não é saudável para nenhum infante ir além do essencial rumo à familiarização da violência, haja vista que ela repercute na naturalização e na prática de atos agressivos, assim como em danos psicológicos.

Familiarização pressupõe estar habituado a algo. Ao habituar uma criança (ser em construção e sem valores morais e éticos bem definidos) à violência, é muito provável que ela passe a entender "ser violento" como algo normal - entendimento que cria brechas para agir agressivamente - visto que na infância a dificuldade de discernir o certo do errado é muito grande e depende-se de ajuda adulta. Entretanto, como os jovens de hoje são "órfãos de pais vivos" - muito bem colocado por Arias -, eles nem sempre podem contar com o auxílio familiar para distinguir o que é ético ou não. Desse modo, a familiarização torna-se também, quase que invariavelmente a naturalização e prática da violência.

E não é só isso. O contato precoce com temas como abuso, discriminação, abandono e assassinato gera desiquilíbrio emocional. A infância é a fase mais importante para a construção do indivíduo, é o alicerce do futuro. Por essa razão, ter uma infância perturbada devido à doses de violência em demasia em nada colabora para a posterior administração desta, pelo contrário: apenas repercute em uma geração de adultos psicologicamente afetados, inseguros e traumatizados.

Diante do exposto, a familiarização da violência na infância não deve ser feita para que esta possa melhor administrá-la no futuro. Se, ao invés de se preocuparem com o quão habituados com a violência as crianças estão, os adultos derem mais atenção ao quão feliz e proveitosa é a infância de seus filhos, poderão ter certeza de que estes saberão lidar muito bem com toda a agressividade mundana por não a terem naturalizado ou praticado e por terem se tornado adultos psicologicamente equilibrados.