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Cristiane Boainain
Criar - nota máxima na UNESP

Fugindo da seca

Políticos, escândalos, corrupção. O caos político no Brasil, em seu auge, tornou-se um assunto amplamente disseminado pelos mais diversos grupos e classes sociais. Nesse âmbito de desordem, o brasileiro demonstrou interesse e engajamento, beneficiando certa formação de identidade cidadã da nação. Contudo, com a gradativa volta à normalidade no governo, a euforia desapareceu junto ao engajamento. Considerando a inconsistência do interesse do brasileiro nos assuntos em questão, o voto facultativo poderia ser uma opção?

Em grande parte dos governos democráticos, o voto não é obrigatório. Sob essa vertente, a não obrigatoriedade do voto é um elemento característico desse regime. Ademais, essa decisão torna o eleitorado mais seleto, uma vez que os interessados na área tendem a ser mais bem informados e, portanto, mais indicados à escolha de seus governantes. Assim, os desinteressados poderiam ser poupados da obrigação e os que não possuem uma formação adequada não interfeririam no resultado satisfatório.

Entretanto, uma nação não pode ser conduzida de forma elitista e, em uma eleição, a participação de cidadãos com formação e vivência heterogêneas são essenciais para a expressão - verdadeira - da vontade geral. É somente por esse caminho que uma nação pode caminhar para a unidade e, desse modo, garantir o bem-estar. Com a abstenção dos "desinteressados", a situação da sociedade entra em um ciclo em que as políticas são deficitárias e o povo passa dificuldade, mas não participa e a condição é constante.

A mudança nas condições da população e a quebra desse ciclo são, somadas à formação da unidade nacional, os principais elementos sociais para o desenvolvimento de um país. Portanto, tornar o voto facultativo determinaria retrocesso e estagnação desse processo no Brasil, já que os eleitores ainda não estão preparados para tamanha liberdade. Isso porque a prática da cidadania e do nacionalismo são pouco discutidos na formação familiar e escolar. A exemplo disso, mesmo os Estados Unidos, adepto do voto não obrigatório e que tem o nacionalismo como idiossincrasia, precisa de campanhas para a votação.

Destarte, apesar de o voto facultativo ser característica da maioria dos governos democráticos, a participação de todos os setores sociais é indispensável para o desenvolvimento do país e, neste momento, o brasileiro ainda não está formado para ter uma participação como cidadão ativo sem obrigatoriedade. Como Fabianos, de Vidas Secas, os brasileiros entrariam em um ciclo de opressão em que as decisões do governo estariam nas mãos de poucos, tornando-se incapazes de mudar sua situação e banalizando o cenário: "políticos, escândalos, corrupção", que se empoderaria de forma assustadora.