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Emerson Seo
Criar Campinas

A vegetação de cada um

A mente humana é muito semelhante a um terreno. Durante a infância, essa área é extremamente fértil e lá crescem inúmeras ideias que se entrelaçam e tornam uma densa vegetação, a qual foi palco para nossas memoráveis aventuras. Ao passo que crescemos, a razão da nossa imaginação começa a ser limitada e nossa exuberante flora começa a ser podada para ceder lugar às fundações da nossa vida adulta, a qual construiremos sobre esse local. Contudo, ainda mantemos uma área verde, a qual para uns simboliza a esperança e para outros serve para se plantar feijões mágicos para manter vivas fantasias ou mesmo ilusões.

Um dos motivos pelo qual muitas pessoas mantêm esse resquício de natureza é a necessidade de escapismo dada a severidade inerente à vida concreta. As pressões e exigências cotidianas, aliados ao aprisionamento racional exacerbado, podem resultar em danos psicoemocionais, os quais podem inclusive ameaçar a estabilidade da construção. Outro aspecto importante dessa arquitetura ecológica é a demanda do mercado por profissionais que possuam não somente visão de mundo, como também apresentem versatilidade para utilizar sua natureza a seu favor para solucionar problemas.

Entretanto, o estímulo a essa criação também apresenta restrições, pois a sociedade normativa delimita o limítrofe de vegetação permitida, taxando aqueles que excedem essas marcas, deliberadamente, de loucos e posteriormente busca reabilitá-lo aos seus padrões. Esse é o motivo pelo qual a maioria das pessoas, receosas de serem consideradas insanas, procura esconder esse pedacinho de natureza ou no interior das construções ou no fundo da mesma. Teremos o julgamento alheio e por esse motivo muitos indivíduos não exploram seu potencial criativo com medo de contrariar um consenso e fracassar frente a todos que o avisaram. Dessa maneira, essas pessoas "optam" por ater-se ao conforto e à segurança do padronizado mundo civilizado.

Curiosamente, os maiores gênios que a humanidade já conheceu possuíam verdadeiras florestas amazônicas em suas mentes, fato que lhes possibilitou ver do alto de uma árvore além do presente, permitindo a eles conceber notórias façanhas e contribuições para todos os homens. Eis o dilema que nos afronta: como diferenciar um louco de um visionário? Como não é possível determinar ao certo se suas preleções se concretizarão ou não, não nos é possível responder adequadamente essa questão. O que nos é possível fazer é não impor nossas limitações a esses indivíduos, deixando-os cultivar sua imaginação, desde que de maneira segura e saudável.

A imaginação é inegavelmente imprescindível ao desenvolvimento humano, porém o animal racional parece não valorizar essa flora de maneira condizente ao seu potencial, procurando por vezes, limitar seu crescimento colocando concreto na maior parte do terreno, deixando um espaço pré-formatado para o crescimento controlado do mesmo. Assim sendo, a humanidade deixa de ganhar diversas contribuições por conta dessa restrição à vegetação de cada um.