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Caio Turssi
Criar São Carlos

A casa Materna

Os cães anunciam a chegada ao palácio. Os latidos refletem-se nos degraus de ardósia e penetram nos ouvidos de quem passa por lá. O muro, escondido pela trepadeira, torna ainda mais aconchegante e transmite a sensação de segurança ao ninho maternal.

Mais adentro, as grandes paredes brancas estampam a sala. O ambiente é calmo e quieto, porém escuta-se o canto harmonioso dos pássaros. As cortinas dançam com o estalo dos móveis de mogno. E o sofá, manchado de suco de uva, que gerou o amargo sermão materno, ainda está lá.

Ao pisar sobre a passadeira, sente-se os farelos de bolacha, que após teimosos anos continuam ali. O cheiro do bolo de baunilha contagia o corredor, fazendo com que o olfato tome conta dos sentidos. É um lugar pouco iluminado, mas abre alas para o resto do palácio.

A mesa é grande e comporta a família toda. Há sobre essa uma variedade de alimentos, que são transformados em energia para que haja alegria filial. É na cozinha que surgem os bolos, feitos por mãos divinas. E até hoje encontram-se migalhas deste pelo azulejo.

O quarto é um cômodo de iluminação e reflexão pessoal. A cama é coberta por uma manta amarelada, que instiga a mente sedentária. Os livros e instrumentos musicais fazem parte do ambiente e alegram o ser após uma sessão de estresse.

Vista como um todo, a casa é fonte de lembranças que estimulam o bem estar. E por mais que se recorde, mais apega-se ao passado, pois para os olhos da criança, a mãe é Deus, e portanto, a casa materna, o reino dos céus.