Noite serene, pela janela do quarto, somente poucas estrelas eram vistas. Deitada na cama, presa a tubos e agulhas, a jovem desejava que aquelas longas horas passassem logo. Já quase inconsciente, lutava para não deixas de ouvir o som dos carros que vinha da rua e se misturava ao som dos aparelhos que a mantinham viva. Não queria se despedir, ainda era cedo.

Naquele corpo fraco, os olhos ainda se moviam e vagavam melancolicamente pelo quarto sem cor. Sentia-se cansada, não só pela doença, mas também pela interminável espera da cura. A dor se intensificava, as badaladas do relógio pareciam levar, além do tempo, sua vida. Pensou em desistir, contudo, o forte aperto na mão que recebeu de sua mãe a fez reconsiderar a luta.

Como no elichê dos filmes dramáticos, lembranças felizes invadiram sua mente tentando substituir a dor. "já está na hora?". "Avistarei agora a luz que me guiará por um caminho sem volta?". Seus pensamentos foram interrompidos pelos passos do médico que entrou em seu quarto. A manhã chegou e trouxe com ela não só o sol, mas a esperança, já consumida. Um novo coração a esperava. A manhã trouxe uma nova vida.