O artista francês Toulouse-Lautrec é correntemente considerado pós-impressionista. Contudo, não o é por inteiro. Seu estilo peculiar se desenvolveu independentemente de escolas ou movimentos e levou sua arte para além das telas. Com cores intensas em combinações rítmicas, criou cartazes publicitários do Moulin Rouge, promovendo o carabé na Belle Époque francesa.
A arte sempre esteve ligada às campanhas publicitárias. Estas buscam persuardir a sociedade. Aquela lida com os sentidos. Juntas submetem o consumidor ao poder das grandes indústrias do entretenimento. Essa indústria cultural, para Theodor Adorno, impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente.
E não é com um inteligente ceticismo que podemos escapar da persuasão das propagandas. Enquanto elas utilizam diversas estratégias, como a associação e a repetição, nossa única escapatória é não assisti-las. Nem mesmo o Pop Art escapou. Ao mesmo tempo que criticava o bombardeamento da sociedade pelos bens de consumo, ele se apoiava neles e promovia o próprio aumento do consumo. Como aconteceu com as Sopas Campbell de Andy Warhol.
Por conseguinte, a relação entre os bens de consumo como as drogas lítcitas, e a sociedade se alterou com o advento da publicidade. Junto com ela, veio uma força imperativa e coercitiva exterior ao indivíduo que faz com que se consuma compulsivamente, mesmo não havendo necessidade. Há imagens que não saem do nosso subconsciente. Não há festas sem bebidas alcoólicas, pois sem estas não há diversão.
A propaganda de drogas líticas deve ser proibida para uma gradativa redução do consumo compulsivo. A relação entre esses produtos e os indivíduos não pode ser dependência, uma vez que não são essenciais à vida humana. Até mesmo Toulouse-Lutrec foi vítima de sua própria arte: entregou-se ao alcoolismo e à vida boêmia dos cabarés, morrendo em breve em um sanatório.