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André Lima Siqueira
Criar São Carlos

Padrões de Beleza

Na cultura, os valores capitalistas levaram à criação de um padrão de beleza, ditado e imposto pela mídia. Apesar de comum, esse ponto de vista falha em explicar a existência desses padrões em sociedades pré-capitalistas e sua mudança e imposição antes do surgimento dos meios de comunicação em massa. A padronização da beleza é um produto da organização social, o capitalismo apenas procura obter lucro a partir desse (e de qualquer outra) fator.

Pode-se observar a busca implacável e insalubre pela beleza padronizada em sociedades com economia de subsistência e pouca estratificação social. Entre os índios kalapalo, é comum que as mulheres fiquem meses com cordas amarradas firmemente nas pernas, o que prejudica a circulação sanguínea e linfática e provoca um enorme inchaço, para que passam alcançar o ideal de pessoas grandes. Portanto, a definição das características que tornam um ser humano belo e o uso de meios artificiais para os adquirir é um produto da organização social, e não do capitalismo.

Assim são os fatores sociais, e não a vontade dos meios de comunicação, que estabelecem ou mudam o padrão de beleza. Na Itália, durante o período do Renascimento, os comerciantes contratavam artistas para retratar suas famílias, algo que a nobreza decadente não tinha condições de fazer. A intensificação dessa situação levou à troca do padrão nobre - pele lisa, roupas de pele, barbas e cabelos longos pelo padrão burguês - verrugas, roupas de seda, barbas e cabelos curtos. Foi a substituição da nobreza pela burguesia comercial como classe detentora de riqueza e não os esforços dos artistas que redefiniram as características belas.

Entretanto, a mídia atual leva o "culto ao corpo" a toda população e não apenas aos grupos privilegiadas, como faziam as artistas renascentistas, isso é feito para aumentar lucro dos capitalistas e não para estabelecer um padrão. A associação entre o que é aceito por toda sociedade como belo e uma mercadoria qualquer é uma das táticas de propaganda mais eficientes. A universalização da beleza magra tornou a indústria de exercício física, da alimentação de baixa caloria extremamente lucrativa. Medidas como proibição de comerciais que exultem o corpo atacam a lógica capitalista e não a padronização da beleza.

Marx definiu a mercadoria como um objeto externo que atende a uma necessidade humana. A necessidade de criar e respeitar padrões de beleza é gerada pela organização em sociedade (das mais simples às mais complexas) e causa os prejuízos físicos e morais criticadas atualmente. O capitalismo apenas criar marcadores para atender a essa necessidade.