Era uma tarde como outra qualquer, diferenciada apenas por ser uma tarde ociosa, como muitas que outrora eu costumava ter. Sentei-me no sofá da sala, ao lado de minha cadelinha, milla, que dormia profundamente. Fiquei observando-a por algum tempo e senti uma onda sinestésica sobre mim. Lembrei-me de quando ela chegou, há onze anos, trazendo consigo a alegria da casa e se tornando membro da família.
Daqui a alguns anos, ela não estará mais conosco, e eu sentirei falta de cada segundo que passei com ela. E dos que não passei com algo não tão preocupante e não tão relevante.
Naqueles poucos minutos em que passei sentada ali, percebi o quão raros são momentos como este, de sossego e calmaria. Percebi quantos momentos se passaram sem que eu dessa importância que mereciam.
A verdade é que o tempo passa sem que percebamos o real valor das coisas simples que nos cercam. O tempo passa e nós nos perdemos na pressa, na desatenção. O tempo passa e nós nos perdemos de nós mesmos.