Difícil encontrar jovens que queiram descobrir se Capitu traiu ou não Bentinho sem antes terem ficado aflitos com João e Maria perdidos na floresta. Conhecimento é uma escada que se sobe com o tempo. Em um mundo capitalista em que notícias e novidades são lançadas a todo momento, muitos degraus são pulados, com um "empurrãozinho" da falta de tempo dos pais. Não seria necessário descer e recomeçar a subir, para que não se chegue ao topo antes da hora?
Após a 2ª Guerra Mundial, quando as mulheres passaram a competir por trabalho com os homens, o tempo roubou das crianças suas mães-educadoras. À criação terceirizada, adicionou-se o comodismo. Explicar histórias, contar contos, passar noções básicas de sentimentos, ética, valores, agora são papéis da sociedade. Ser pais de crianças já não é mais tão encantador, explicar e plantar o interesse por livros, filmes e histórias produtivas necessitam de tempo e disposição.
Nossas crianças estão crescendo cada vez mais cedo. Há quem diga que essas são mais inteligentes que os jovens de antigamente. Inteligência, porém, está sendo confundida com excesso de tecnologia. Em "admirável mundo novo", John não suporta viver em uma sociedade em que as coisas mais simples não existam. Colocar nossas crianças na frente da TV e tirá-los o desejo de serem generosos como Hobin Hood, de sonharem com príncipes, de sofrerem quando o lobo come a vovozinha, não os torna mais inteligentes; pelo contrário, são as doenças da sociedade moderna.
A facilidade na educação traz aos pais tranqüilidade; aos filhos, frustrações. Psicólogos afirmam que pular fases pode causar doenças como a depressão no futuro. Michael Jackson não suportou ter sua infância roubada, necessitou viver como Peter Pan: na Terra do Nunca - onde sonhos, fantasias se tornam realidade.
Deixar que a TV eduque nossos filhos e mostrar que o mundo é maravilhoso parece ser algo prático e viável; a falta do mais simples, porém, causa falhas. Poupá-los da realidade tornará adultos frustrados. É necessário que se suba degrau por degrau, para que no fim, não se sintam na "Admirável Terra do Nunca."