Acostumados à tecnologia como estamos dificilmente paramos para analisar os impactos na vida a partir da Revolução Industrial. A velocidade, as mudanças, as descobertas... tudo isso levou a sociedade ao êxtase e a uma profusão de inseguranças. Séculos depois, sentimo-nos, entretanto, confortáveis e, de certa forma, dependentes da era digital. Porém, no centro dessas águas tranqüilas que se tornaram nossa existência, um turbilhão se forma ao redor da televisão. Afinal, como esse furacão de contradições, ela é a vilã ou heroína?
Sendo vista constantemente como grande responsável pela desgraça mundial, nossa querida caixa mágica se esconde mediante tantas acusações, das quais nem todas são procedentes. O aparelho de TV, apesar de odiado por muitos, é uma grande forma de se levar diversão, cultura e política para população, uma maneira eficaz e rápida de aproximar os continentes, deixando o mundo à mão, logo, possibilitando uma viagem através do controle remoto. A televisão acabou, enfim, por democratizar os meios de comunicação, através do acesso a informação por todos.
É inquestionável que nesse grande jardim que é a televisão haja bons frutos. Entretanto, a raça humana em geral, desde Adão e Eva, tem uma atração irresistível pelos proibidos. Usamos, apreciamos e muitas vezes nos influenciamos por programas infames, com exposições ridículas e apelativas. Mordemos a maçã proibida, hipnotizados por seu néctar, com sabor de pecado. Assim, esse prazer clandestino nos incita a seguir pecadores. Este é, portanto, o grande problema das programações televisivas, entre o útil e o inútil, ficamos com o perigoso e implacável talento para culpar alguém que não seja nós mesmos. A televisão transmite os mais diversos programas, entre literários e "reality show", para que possamos escolher aquele que mais nos agrada...e quando optamos pelo fruto proibido ativamos a responsabilidade de nossos escolhas na "serpente" que ofereceu, esquecendo as alternativas que tivemos.
Quando no Éden foram colocadas infinitas árvores frutíferas, entre boas e detentoras do pecado, Adão e Eva poderiam escolher as que quisessem, mas optaram pelo "diabo", assumindo assim as consequências de tal atitude. Nós fazemos a televisão a que assistimos; somos, portanto, os responsáveis por nossos atos, capazes o suficiente de resistir à tentação, para assimilar o melhor da pequena tela.